Este primeiro episódio da segunda série do programa de Literatura da RTP 2 começa com uma incursão pelo universo dos poetas Pré-Rafaelitas. Surgida em pleno século XIX na Inglaterra, a Irmandade Pré-Rafaelita é abundante em histórias e figuras de natureza "possuidora". O mote está lançado para fruir dos excertos literários escolhidos e lidos por Pedro Lamares e Filipa Leal: em poesia, a Necrophilia de Jaime Rocha; em prosa, o Adoecer de Hélia Correia. Nesta emissão, revelamos outros dois portugueses, poetas, que também se deixaram contagiar pela obra Pré-Rafaelita, os imperdíveis Fernando Pessoa e Mário Cesariny. Imperdíveis também são as partilhas a viva voz da escritora Maria Teresa Horta e do editor Carlos Araújo sobre uma das figuras mais importantes na história da edição portuguesa: Snu Abecassis. E se, na primeira série, demos voz às partilhas de experiências positivas na rubrica "O Livro da minha vida", desta vez desafiamos outras vozes a falar sobre: "O livro que não volto a ler". O resultado está a ser honesto e... surpreendente!
No episódio desta semana do programa de Literatura da RTP2, começamos com o francês Albert Camus e o seu romance filosófico "A Queda" (1956). Tempo para descobrir, assim, as palavras daquele que é considerado por Jean-Paul Sartre como "talvez o mais belo e menos compreendido" de todos os livros de Camus. Mas, é com "O Estrangeiro", o romance mais lido e traduzido do autor francês, que propomos um novo olhar: Jacques Ferrandez, autor gaulês, transpõe a história para BD e torna a obra ainda mais atual. Seguimos, então, até à Rússia, ao Congo e ao Vietname do repórter belga nascido pela mão de Hergé em 1929. Falamos de Tintim, que tem uma casa muito especial no Porto. Ainda com o sol a mostrar os seus raios neste final de verão, visitámos a Figueira da Foz onde os livros viveram com um pé na areia e outro no jardim. Da poesia, há palavras e versos, "cada um de alturas diferentes", do nova-iorquino Stephen Dunn. Terminamos com o bailarino de Herberto Hélder. Surpresos? Nós também.
Ele é um dos homens mais admirados pelas mulheres e, esta semana, o fascínio estendeu-se ao programa de Literatura da RTP 2. Chico Buarque, que é intérprete, compositor, poeta, escritor de canções e romances, é também o protagonista deste episódio. Aqui se conta que começou por se acercar do mundo das palavras só para estar mais perto do pai, que era historiador e jornalista. Depois, é tempo de conhecer os poemas e as músicas que criaram as personagens de Buarque que se tornaram míticas. É disso exemplo Geni, a travesti do musical "Ópera do Malandro", e o comandante que desceu de um "zepelim gigante" desejoso de se "servir" da "formosa dama". O universo lírico de Chico Buarque, povoado de figuras femininas, leva-nos ainda a desvelar o projeto "Palavra de Mulher", o primeiro álbum entre Sofia Vitória e Luís Figueiredo. E porque a relação entre a poesia e a música é íntima, viajamos no tempo para conhecer de que matéria se faz esta partilha, que, em tempos, também uniu o compositor Beethoven ao escritor Goethe. A prosa do brasileiro Chico Buarque também não é esquecida e com ela descobrimos o seu "O Irmão Alemão".
Esta semana, o Literatura Aqui começa em tom de reflexão sobre o que é a beleza com as palavras de Susan Sontag. A escritora e filósofa, que publicou romances, contos, ensaios, artigos de jornal, era também uma ativista na defesa dos direitos humanos. Servia a literatura com liberdade e uma profunda seriedade. A próxima protagonista deste episódio é a mulher a quem Camilo Pessanha declarou ainda jovem o seu amor. Falamos de Ana de Castro Osório, considerada a mãe da literatura infantil portuguesa. Já a norte, apanhamos boleia com a biblioteca ambulante que, todos os dias, sai para a estrada em Proença-a-Nova. No total, são já cerca de dez anos a percorrer aldeias e a abrir livros nos corações de gente quase esquecida. Tempo ainda para conhecer a partilha do diretor da companhia de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, no espaço "O Livro que não volto a Ler". A fechar, o tom cai em Pessoa e no mundo visto pela janela da sua Maria José, com um excerto d´"A Carta da Corcunda para o Serralheiro".
Pedro Lamares está esta semana na Boca do Inferno, em Cascais, e começa a viagem literária por um episódio que envolve Fernando Pessoa e marca até hoje a memória deste lugar: o suicídio encenado dum escritor inglês. Mas é a pequena Alice de Lewis Carroll que toma para si e para o seu País das Maravilhas o papel principal neste programa. A celebrar 150 anos desde a primeira publicação, Alice continua a merecer novos olhares, cores e formas. O próprio Salvador Dali não resistiu à menina que vive no país das maravilhas e do outro lado do espelho. As crianças e a importância pelas pequenas coisas inspiraram Filipa Leal e Pedro Lamares nas escolhas de textos poéticos desta emissão. Não é de estranhar portanto o deleite que os versos de Manoel de Barros e Manuel António Pina nos provocam. Tempo ainda para ouvir um contador português que recria como poucos a partilha de outros tempos e histórias: António Fontinha. E de regresso ao desafio da rubrica "O Livro que não volto a ler", desta vez, é a apresentadora Sílvia Alberto que nos revela por que é não quer voltar às palavras de uma das obras maiores de Raúl Brandão.
O género policial é protagonista do LITERATURA AQUI desta semana. Pedro Lamares assume o comando de uma "investigação sem crime", tendo como ponto de partida uma casa centenária em Ponte de Lima, impregnada de memórias e documentos históricos. Da sala de jantar, que recebeu inúmeros escritores, artistas e jornalistas, à biblioteca com cerca de três mil livros, o lugar está à altura do detetive mais famoso do mundo: Sherlock Holmes, a personagem que suplantou o criador, o médico e escritor Arthur Conan Doyle. O poeta anglo-americano Wystan Hugh Auden dizia que a novela policial é tão viciante como o tabaco. Que o diga o escritor português de policiais António Andrade Albuquerque, mais conhecido (dentro e fora de portas) como Dick Haskins. Fora das lides policiais, recordamos uma viagem singular do jornalista português José de Freitas à China de Mao Tsé-Tung, a partir das reportagens reunidas em livro publicado no Verão de 1964. A campanha comunista de coletivização agrícola tinha acabado de levar à fome generalizada, mais de 40 milhões de mortes. O enviado do vespertino Diário Popular de Lisboa não deu por nada. Nesta emissão, recuamos ainda mais para conhecer o lado feminino da História, através de algumas das mulheres que contribuíram para a construção de Roma e o seu Império. A fechar, Filipa Leal e Pedro Lamares dão voz a Édipo e Creonte numa conversa carregada de tensão... e luta.
O programa desta semana traz cartas, tragédias gregas, livros bordados e histórias com crianças peculiares. A começar, Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena, duas das maiores figuras da literatura portuguesa do século XX, eram também dois grandes amigos. É com eles e com algumas das palavras que trocaram por carta que a voz de Filipa Leal se faz ouvir, tendo como cenário areia, mar e rochas. Seguimos para a Grécia Antiga dos três trágicos Eurípedes, Ésquilo e Sófocles. São deles as palavras que ditam um recomeço para Tiago Rodrigues. O criador lançou-se na reescrita de três obras-primas com 2500 anos: Ifigénia, Agamémnon e Electra. Neste programa, revelamos todo o caminho percorrido por Tiago Rodrigues e o seu elenco desde a primeira leitura até ao espetáculo em palco com linguagens contemporâneas. Já com a página da tragédia virada, chegamos à Pé-Coxinho, uma editora portuguesa que conta histórias através das artes tradicionais. O resultado são livros únicos com ilustrações e textos bordados à mão e ainda outras surpresas em folhas de madeira. Com o outro pé já fora de Portugal, conhecemos de que forma é que um colecionador fascinado por fotografias antigas se transforma em autor de palavras, enredos e imaginários repletos de suspense. A fechar, é a voz de Pedro Lamares que nos reclama os sentidos todos com a Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya, do poeta Jorge de Sena.
É com um "segredo" de Carlos Drummond de Andrade que começa o programa desta semana. Os versos do autor brasileiro mostram um poeta inadaptado ao mundo, mas também um homem que deu expressão literária às lutas e tensões sociais do seu tempo. Noutra dimensão da arte, revela-se a Sopa de Pedra na versão de Paula Rego. Oportunidade para aprofundar a relação da obra da pintora com a literatura, os contos populares e outras histórias. Depois, o protagonismo do programa segue para Enid Blyton, autora de centenas de histórias tão inesquecíveis como Os Cinco, Os Sete ou As Gémeas. É tempo para descobrir uma nova aventura com a escritora Sara Rodi a "vestir a pele" de Blyton. A loucura de um colecionador de livros sobre cavalos leva-nos até à preciosa biblioteca de José Ferrão. Já prova de que nunca se sabe no que pode dar um romance "vulgar" é o caso de Os amantes do Tejo, do francês Joseph Kessel. Adaptado para cinema, afirmou a consagração internacional de Amália Rodrigues e do fado. Por entre o Diógenes de Pablo Albo e a poesia de Al Berto se faz literatura aqui esta semana.
Pedro Lamares está de visita à cozinha do Palácio da Pena em Sintra para uma degustação literária, a começar pela sobremesa que é o leite-creme de Cesário Verde. O pretexto é perfeito para conhecer Sentados à Mesa - Antologia de Fernando-António Almeida que reúne textos de 21 autores portugueses. De Camilo Castelo Branco a Bulhão Pato, passando por Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e muitos outros que através da escrita nos revelam como é que a sociedade da segunda metade do século XIX se sentava à mesa e como é que isso era utilizado pela defesa de uma identidade nacional. O primeiro destino desta viagem é a horta da rabicha com uma bela caldeirada feita por Júlio César Machado. No descanso do palato, são os olhos que nos levam às palavras de Saramago, na exposição "Mal Branco" do artista plástico João Francisco Vilhena, inspirada pelo Ensaio sobre a cegueira. Tudo tem o seu tempo. Agora, temos as selfies; outrora muita gente se comprazia no sentimento que, na volta do correio, trazia um bilhete-postal. Visitamos neste programa um álbum de exceção que recupera as exaltações, os ódios, e até a ironia que tanto postal deixou no baú das memórias. Tempo ainda para servir Álvaro de Campos e sua Dobrada à Moda do Porto, na voz de Filipa Leal. A fechar, acompanhamos uma receita de bolo que está para esta emissão como "água para chocolate". Bom apetite!
O roteiro desta semana começa no Mistério da Estrada de Sintra, de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, e termina onde, normalmente, todos acabamos. Em prosa, Pedro Lamares e Filipa Leal dão voz a um excerto marcante da obra de Joseph Conrad - O Coração das Trevas. Arriscamos pelas imagens numa espécie de calvário pelos caminhos da fé e de um templo sagrado. Voltamos a Sintra e aos muitos escritores que por ela se enamoraram - de Ferreira de Castro a Maria Gabriela Llansol, sem esquecer alguns estrangeiros que também se renderam aos encantos desta vila. O humor chega-nos, neste programa, pela mão de Gregório Duvivier. Numa merecida incursão pelo universo dos quadradinhos, relembramos Stuart de Carvalhais e as duas personagens que fizeram história na Banda Desenhada portuguesa - Quim e Manecas. E, para os mais corajosos, fechamos a desenterrar homens que são como lugares mal situados... Somos todos?
É com palavras do Mar me Quer de Mia Couto que anunciamos a chegada ao continente literário africano. O escritor moçambicano, que também é biólogo, revela em poucas linhas um exemplo desse exercício de reinvenção que, como o próprio já explicou, passa pelo desejo de "desalisar a linguagem". De Mia Couto saltamos para o Telhado do Mundo de outro escritor de África, Ondjaki, do desenhador António Jorge Gonçalves e do pianista Filipe Raposo. Numa incursão pela poesia, os versos de Ana Paula Tavares vêm pela voz de Filipa Leal e com imagens de uma história dos nossos dias. Conhecemos ainda um alfarrabista dos tempos modernos, Ricardo Ribeiro, ou melhor, o senhor Teste. Com ele, cada cliente é um leitor que merece um atendimento personalizado. Voltamos a África pela música de Aline Frazão, a cantautora tem novo álbum e as suas canções continuam permeáveis às influências da literatura angolana. Tempo ainda para a partilha de uma jovem pasteleira na rubrica "O Livro que não volto a ler". A fechar, um cego d"Os Transparentes de Ondjaki lança a pergunta pela voz de Pedro Lamares: "qual é a cor desse fogo"?
A viagem começa pela obra que se tornou um marco da literatura epistolar, mesmo com todos os esforços da crítica a desvalorizar As Ligações Perigosas, em 1782, do autor Choderlos de Laclos. Com ele, conhecemos a natureza vil e diabólica da Marquesa de Merteuil e do Visconde de Valmont. Nesta emissão, arriscamos juntar à obra imagens de um contexto muito contemporâneo. Outras ligações (mais ou menos perigosas) chegam pela relação do humor com a literatura. É o mote para conhecer a partilha de Ricardo Araújo Pereira sobre a comédia e os livros, tendo como fio condutor a sua coleção de literatura de humor. Começando pela brincadeira infantil de fazer rabiscos na parede da sala, Yara Kono acabou por se tornar uma ilustradora a sério. Em 2010, ganhou o Prémio Nacional de Ilustração e hoje as suas criações já fazem parte da imaginação de muitas crianças. De volta ao humor, damos a palavra a Luís Fernando Veríssimo e descobrimos por que motivo o próprio afirma que não é um humorista espontâneo. A fechar este programa, entregamos tudo por carta com uma maravilhosa passagem pela escrita dramatúrgica de Heiner Muller... Sim, são as palavras da Marquesa de Merteuil ao Visconde de Valmont.
Todos os povos conhecidos reservaram um lugar para o erotismo na sua literatura. Do Oriente, chegam-nos maravilhosos livros que ensinam a arte de amar. Na Europa, a história do sexo na literatura é sobretudo uma história de pseudónimos e de autores malditos. A primeira incursão literária deste episódio é verdadeiramente íntima, com a passagem de um dos diários de Anais Nin, escrita naquele dia de dezembro em que conheceu Henry Miller. É ela que nos diz com todos os argumentos que "a vida dos escritores é outra vida". De volta aos portugueses, Pedro Lamares relembra o carater subversivo de Natália Correia em jeito de embalo para uma viagem ainda maior: conhecer os lugares do erotismo na Literatura. Com um gosto declarado pelo erotismo, chega-nos o inesquecível José Vilhena. Escritor, cartoonista e pintor, Vilhena ganhou especial notoriedade já depois do 25 de Abril com a revista Gaiola Aberta. Esta visita aos cartoons e à sátira tão singular desse tempo é imperdível! Na rubrica "O Livro que não volto a ler", recebemos a partilha da sexóloga Marta Crawford. Tempo ainda para ouvir outros excertos literários mais apimentados: Sexus de Henry Miller e, por fim, a fechar o ciclo, A Casa do Incesto de Anais Nin.
Esta semana, Pedro Lamares está no Palácio Nacional da Ajuda e relembra alguns dos primeiros poetas que morreram de amor na Literatura. O Cancioneiro da Ajuda reúne centenas de cantigas de amor da Idade Medieval Peninsular, versos de uma voz masculina que sofre pelo amor não correspondido. O mote está lançado para descobrir, em reportagem, algumas das histórias mais marcantes do "morrer de amor" nos livros e fora deles. Seguimos para outras mortes com as princesas Branca de Neve, Bela Adormecida, Jackie Kennedy, Rosamunda e Diana de Gales. A obra Dramas de Princesas da escritora austríaca Elfried Jelinek está a ser traduzida para português no âmbito de uma nova criação artística de Alexandre Calado. Não perdemos esta oportunidade para conhecer melhor a linguagem singular de Jelinek. Com versos de Álvaro de Campos chegamos à inesquecível obra Lisboa, cidade triste e alegre, com fotografias de Victor Palla e Costa Martins. E é com as imagens interiores de um palácio romântico, casadas com excertos de um ensaio sobre os filósofos e o amor pela voz de Filipa Leal, que fechamos o programa. Reservando a vantagem literária de que podemos sempre ficar com o melhor de dois mundos: "morrer de amor ao pé da tua boca" e "intimar a que nunca alguém se apaixone seja por quem for".
É com a prosa sempre sarcástica de Gregório Duvivier que ficamos a conhecer o Papai Noel (e também o vovô) do humorista brasileiro. Atrevidos, com o aval de Duvivier, puxamos a barba a este Papai Noel. Depois, com Charles Dickens e o seu avarento Scrooge, não resistimos aos fantasmas e odiamos a época natalícia. Mas, perdidos por entre a magia das palavras e imagens do mundo das crianças, é tempo de voltar a sonhar com o Natal. É então tempo também de preencher vazios, como faz Joana Abreu no Porto, construindo ligações entre as palavras e o desejo de preservar o património. Da "pequenina luz" de Jorge de Sena aos "pobrezinhos" das tias de António Lobo Antunes, passando pela ladainha de David Mourão-Ferreira, há Natal aqui para todos os gostos.
Esta semana, seguimos o exemplo de Rainer Maria Rilke e viajamos para a Rússia. Nascido em Praga, Rilke sentia as "coisas russas" como as melhores imagens e nomes para os seus sentimentos e confissões pessoais. É com versos dele que nos precipitamos para outra linguagem, uma performance a reclamar atenção e pontes com as palavras. Alguns anos antes de Rilke chegar à Rússia, o Teatro Mariinsky em São Petersburgo estreava A Bela Adormecida, com coreografia de Marius Petipa e composição de Tchaikovsky. É por essa relação do conto de fadas com a dança que nos entregamos à curiosidade pela história deste bailado. De Portugal, impõe-se uma passagem pela revista literária Orpheu, de 1915. Noutra dimensão, revisitamos a escrita de Maria Teresa Gonzalez, autora de um dos livros mais conhecidos, com 26 edições: A Lua de Joana. Tempo ainda para conhecer a partilha de um jovem criativo na rubrica "O Livro que não volto a ler". Mas os russos mantém-se à espreita ao longo de toda esta emissão. Não esqueçamos que Rilke se encantou pelo País e em 1926 trocou cartas com dois grandes poetas russos do seu tempo: Boris Pasternak e Marina Tsvétaieva. Todos eles muito bem-vindos ao nosso Literatura Aqui.
Pedro Lamares está no Palácio de Monserrate em Sintra e recorda a visita de um dos muitos viajantes que por lá passaram. Em 1866, o escritor Hans Christian Andersen descrevia Monserrate como uma "verdadeira vinheta das mil e uma noites, uma visão de contos de fadas". Estimamos o exemplo deste poeta de histórias infantis e rastreamos o lugar da viagem na Literatura. Por mar, terra ou ar, escritores de todos os tempos têm revelado novos mundos a leitores. De Fernão Mendes Pinto a Afonso Cruz ou José Luís Peixoto, o elenco de portugueses viajantes na Literatura é vasto. Pela voz de Filipa Leal, chega-nos um excerto arrebatador de Morte na Pérsia de Annemarie Schwarzenbach, mas ficamos com forças para continuar até à Ode Marítima de Álvaro de Campos. Pelo meio, temos uma visita à obra de um homem da direita radical, Francisco Rolão Preto, e uma partilha honesta da cantora Adriana Queiroz sobre o livro que não quer voltar a ler... ou será que ela nunca o leu?
Pedro Lamares começa por estar em palco com as palavras de Peter Handke, um dos mais instigantes escritores contemporâneos. São dele Os Belos Dias de Aranjuez, com uma mulher e um homem a conversar sobre amor. Na escrita de Handke, o diálogo decorre num fim de tarde de Verão, nas imagens que juntamos às suas palavras, lidas por Filipa Leal e Pedro Lamares, é inverno e está frio. De regresso a palco, visitamos a Claraboia de Saramago levada a palco pelos irmãos Maria do Céu e João Paulo Guerra. Outra visita "indispensável" leva-nos para Évora. É lá que encontramos uma das mais valiosas bibliotecas do País. Fundada no século XVIII por um homem invulgar, Frei Manuel do Cenáculo, também conhecido por "construtor de bibliotecas". Tempo ainda para conhecer o livro que a cantora Aline Frazão não quer voltar a ler e uma pequena amostra poética de Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.
Pedro Lamares está na cidade que Agustina considerava não um lugar mas antes "um sentimento". É na casa da escritora que encontramos o atelier da filha. Mónica Baldaque partilha histórias únicas: a repreensão da mãe em tenra idade por causa da Sibila, como foi na infância ser filha de uma escritora, as mudanças no processo de trabalho da mãe aos longo de décadas de escrita ativa, o livro mais especial de Agustina (aos olhos da filha) e ainda um episódio "insólito" vivido por Mónica e levado pela mãe para o romance Joia de Família. Feita esta primeira abordagem à vida e obra da autora, recordamos algumas das suas palavras sobre o que é uma obra literária, a partir de excertos de uma conferência em Granada, lidos por Filipa Leal e Pedro Lamares. Interrompemos a viagem pelos domínios de Agustina para conhecer a biblioteca de Hitler. O mesmo ditador que mandou queimar livros falava de amor à literatura. Com uma abordagem diferente às histórias e personagens de livros, chegamos às marionetas da Companhia Valdevinos. A fechar o ciclo da emissão desta semana, voltamos a Agustina pela mão de Miguel Bonneville. O criador juntou-se a outros dois admiradores da escritora. Os três mergulharam no universo dela e construíram um espetáculo com o que dela ficou neles - A Importância de Ser Agustina Bessa-Luís.
O mistério dos pseudónimos de vários escritores abre o Literatura Aqui desta semana. Conhecemos "a amiga genial" de Elena Ferrante, autora italiana cuja verdadeira identidade se mantém incógnita. Depois, seguimos o infinito dos desenhos de Afonso Cruz. O ilustrador, que é também escritor, músico, realizador e viajante, recebe-nos na sua casa no Alentejo. E porque o amor pelos livros ultrapassa o tempo e o espaço, revelamos que D. Manuel II fez com que surgisse uma biblioteca única com vários incunábulos e escritos quinhentistas. Uma exposição especial mostra-nos que, nessa biblioteca, havia também escritos de Camões. Já as memórias do poeta Eugénio Lisboa provam-nos que este grande senhor da crítica literária levou muito a peito a independência de um juízo sensato. Depois, "antes que seja tarde", marcamos encontro com a poesia de Manuel da Fonseca e também com os versos de Vasco Gato. A despedida, como sempre, fica a cargo de Pedro Lamares. Desta vez, acompanhado de Goethe.
Pedro Lamares está em Évora, terra-natal de António Gancho, o poeta que passou a maior parte da sua vida internado em instituições psiquiátricas. Começamos pela "Interioridade" de António Gancho, seguindo o rasto da loucura na escrita, e antes de chegar a outra marca (na parede) de Virginia Woolf, entramos num quarto de hotel para conversar com António Mega Ferreira sobre a literatura feita dentro de hotéis. De visita a outra cidade, Setúbal, recordamos o fulgor literário na vida tumultuosa de Manuel Maria Barbosa du Bocage. De volta ao nosso século, mergulhamos na piscina e no mar alto das palavras de António Lobo Antunes. São algumas das vozes femininas da obra do escritor interpretadas pela atriz Maria Rueff, com a peça "António e Maria". Mas o pano desta emissão só cai depois do desabafo de Jorge Luís Borges. No fim, se assim o entenderem, aplaudam que é Literatura.
A "América" de Allan Ginsberg, nas vozes de Filipa Leal e Pedro Lamares, faz as honras da casa, esta semana. Sem sair do continente da Beat Generation, recuamos sem medos até ao século XIX para um encontro com o terror e o mistério da obra de Edgar Allan Poe. O criador de personagens bizarras inspirou adaptações ao cinema bem como conhecidos vultos surgidos mais tarde no género policial. Do mesmo século de Poe, mas de outro continente e género, recordamos a título de exemplo o autor inglês Lewis Carroll. Além de escritor, era matemático e não é caso único de cientista dado à escrita. Visitamos uma mostra com mais de meio milhar de livros - do romance à literatura infantil, passando pela culinária - assinados por cientistas. Fora das ciências, é no balcão de um bar de Lisboa que ficamos a saber qual o livro que o ator João Reis não quer voltar a ler. Em português com sotaque, chega-nos a partilha de uma jornalista carioca que mergulhou na saga dos judeus portugueses que partiram para o Brasil. A fechar, aceleramos e partimos em viagem "Pela estrada fora" com Jack Kerouac.
"O mais belo espetáculo de horror somos nós." São estas palavras de António José Forte, lidas em simultâneo por Filipa Leal e Pedro Lamares, que abrem o primeiro momento literário deste programa. Juntamos às palavras imagens de quem não falha a pontaria. Com a arma da palavra contra o que é inefável, visitamos alguns livros escritos no exílio e o testemunho de quem continua a sonhar com um regresso. Mantendo a senda do poder da palavra, abordamos ainda um dos livros mais controversos da História recente: A minha luta, de Adolf Hitler. Há 80 anos, chegava às ruas o primeiro número da revista de banda desenhada "O Mosquito". Hoje, damos voz a alguns dos que viveram e admiraram o voo d´"O Mosquito". Fechamos na tónica de ensaio: a reflexão de Simone de Beauvoir ao som de um fim de tarde na companhia de um músico de rua.
Pedro Lamares está na aldeia de Melo, concelho de Gouveia, para conhecer uma das mais importantes habitações da Literatura portuguesa: a "Villa Josephine". Mandada construir pelos pais de Vergílio Ferreira, foi sendo habitada por diferentes personagens dos livros do escritor gouveense. Por exemplo, a casa da infância de Paulo no romance Para Sempre. A porta está aberta para escutar o primeiro excerto literário, na voz de Filipa Leal. Afastamo-nos por momentos de Vergílio e de Gouveia para uma visita à Biblioteca Municipal do Porto. Fundada em 1833, guarda um valioso espólio, que inclui o roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia. O meu cubismo, de Gustavo Afonso, e A Forma Justa, de Sophia de Mello Breyner, fazem o momento de poesia deste programa. Em espaço de memória, recordamos a revista mensal de atualidades Jornal Português, criada no âmbito da estratégia do Estado Novo para utilizar o Cinema para fins de propaganda. É uma viagem por algumas dessas imagens graças à primeira edição em nome próprio da Cinemateca Portuguesa. De volta a Gouveia e a Vergílio Ferreira, é a sobrinha do escritor, Filomena Rodrigues, que partilhará algumas das vivências da aldeia de Melo transpostas para a obra do tio. Começando pela história de duas galinhas compradas na feira que deu origem a um dos mais conhecidos contos de Vergílio. E esta emissão não poderia terminar com outras palavras que não fossem do autor de Cartas a Sandra, por cima das imagens de uma aldeia com o frio do Inverno.
É da Ásia que nos chegam muitas das palavras do Literatura Aqui desta semana. Começamos por descobrir as confissões por debaixo da máscara de Mishima Yukio, um dos grandes escritores japoneses do século XX. Ele, que dizia que gostaria de viver para sempre, escolheu morrer como guerreiro. Mishima cumpriu o ritual dos samurais ao cometer o suicídio por esventramento. Entramos depois, em modo de corrida, no mundo com duas luas de Haruki Murakami. O escritor (e maratonista) nascido em Quioto, no Japão, é considerado um dos "grandes romancistas vivos" com as suas personagens a viverem num "vai e vem" entre a realidade e a fantasia. Mas o que faz dele um autor de culto, sobretudo para os mais jovens? Tempo então de descobrir o Japão no feminino através do "tanka", ou poema curto, de Komachi. E é ainda da Ásia que nos chegam os escritos de Fernão Mendes Pinto e de muitos outros portugueses que chegaram ao outro lado do mundo. O encenador português Tonan Quito aceita também o desafio de revelar o livro que não voltará a ler. Por fim, o Literatura Aqui despede-se esta semana com a escritora japonesa Mayuzumi Madoka a "juntar tesouros" na sua poesia de um "haiku".
Pedro Lamares está entre pavões na abertura deste programa e partilha a história daquela que é, porventura, uma das personagens mais invejosas da Literatura. Sem tempo a perder, em passo de corrida, seguimos "um jovem sobraçando um maço de poemas", com os versos de Herberto Helder. Com ou sem invejas, chega a vez de uma mulher (não por ser o Dia Internacional delas), mas pela dimensão da obra que Agatha Christie deixou. Uma oportunidade especial para conhecer mais da vida da autora e dos seus famosos detetives Poirot e Miss Marple. De volta aos portugueses, é a tradutora Margarida Vale de Gato que melhor nos pode revelar reflexos do universo de Allan Poe na obra de alguns escritores portugueses. A começar pelo "Corvo", poema traduzido por Fernando Pessoa - o poeta que considerava Eça de Queiroz "um provinciano". Nas palavras do professor Carlos Reis, "os escritores são exímios em silenciarem aqueles a quem mais devem". É com este especialista da obra queirosiana que deslindamos a relação de Eça com a literatura contemporânea. A fechar, volta a inveja em força com palavras do brasileiro Zuenir Ventura, lidas por Filipa Leal e Pedro Lamares. O melhor é alinhar, vamos todos "à bruxa"... ou, melhor dizendo, à cartomante e ao Pai de santo.
Pedro Lamares abre este programa com as palavras de Juan Manuel Roca, um dos poetas mais lidos da Colômbia. Ele diz que a poesia está em toda a parte e nós seguimos-lhe a ideia a ponto de desligar vários televisores ao mesmo tempo. Interrompemos a viagem à Colômbia para uma visita ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Por lá, descobrimos dados curiosos nos assentos de batismo de figuras como Padre António Vieira ou Cesário Verde e ainda escritos satíricos e eróticos que valeram um processo da PIDE a Natália Correia. Voltamos à poesia da Colômbia, desta vez com versos de Piedad Bonnett e Álvaro Mutis, lidos por Filipa Leal e Pedro Lamares. Em espaço de reportagem, ousamos pôr tudo a nu... bem, quase tudo! Milo Manara tem novo enredo publicado em Portugal, aproveitamos o mote para conhecer melhor a banda desenhada deste mestre italiano. A fechar, é tempo de beber um café, moído ao som das palavras de Gabriel García Márquez, com excertos de Ninguém escreve ao Coronel.
Pedro Lamares está no Pavilhão do Conhecimento, visitado diariamente por centenas de crianças e jovens ansiosos pela possibilidade de experimentar tudo. Em 1922, Scott Fitzgerald publica uma das suas maiores experiências literárias: O Estranho Caso de Benjamim Button. Neste conto, encontramos a vida ao contrário, um homem que nasceu velho e morreu bebé. A falar do querer e do contrário, chegam versos de Caetano Veloso, num primeiro bloco de poesia lido por Filipa Leal e Pedro Lamares. Em reportagem, visitamos o criador das histórias e ilustrações de um bando de amigos com cabelos ameaçadores e Face-Pedra. Nuno Caravela revela-nos o seu processo de trabalho no universo d´O Bando das Cavernas. Numa incursão por outro universo, vamos ao teatro de braço dado com um grande senhor da dramaturgia do século XX: Tennessee Williams. É sobre ele e o tanto que a sua escrita nos continua a dar que o encenador Jorge Silva Melo nos falará, enquanto viajamos por algumas das inesquecíveis peças como Doce Pássaro da Juventude ou Gata em Telhado de Zinco Quente. Fora de palcos, voltamo-nos para a arquitetura, na companhia de Hélder Carita e da sua investigação à volta da Casa Senhorial. À conversa sobre as casas do privilégio, juntam-se algumas referências literárias. A despedida é com palavras de Manuel António Pina, Pedro Lamares numa bicicleta e um passeio até ao País das Pessoas de Pernas para o Ar. Rever últimos episódios no RTP Play
A velhice, a memória e a impossibilidade de fugir ao tempo são temas desenvolvidos, vezes sem conta, nos livros. Começamos este programa por um treino de força com as palavras de Ruy Duarte de Carvalho, lidas por Filipa Leal, sobre um homem que vem ardendo. Seguimos depois até à Terra do Nunca com Peter Pan e o autor James Matthew Barrie. Os ponteiros do relógio retomam a marcha, em ritmo lento, para o poema de Emanuel Félix - Five O"clock Tear - na voz de Pedro Lamares. Tempo ainda para recordar o "Dali português" e a sua Afrodite, que é como quem diz o editor Fernando Ribeiro de Mello e a sua chancela. Na rubrica "O Livro que não volto a ler", damos a palavra ao astrofísico Vítor Cardoso. Na despedida, acompanhamos a viagem de um urso velhinho que já não tem memória, mas tem coração.
Pedro Lamares faz uma breve introdução ao autor do conto O Nariz e Filipa Leal dá voz ao primeiro excerto literário desta emissão. Depois de uma sumária revisão por narizes de todos os feitios e gostos, avançamos para a ilustração. Tendo como ponto de partida as imagens criadas para o texto Bichos do Avesso de José Jorge Letria, Eunice Rosado partilha connosco o seu jeito de desenhar e a importância dos afetos nos projetos que tem em mãos. Ao ritmo das máquinas que imprimem letras, visitamos o País da Grande Fábrica de Palavras, texto da francesa Agnès Lestrade. Tempo de regressar ao mundo real para conhecer a história de três bebés que nasceram em campos de concentração. Uma conversa séria com Wendy Holden, autora de Os Bebés de Auschwitz, e Hana Moran, sobrevivente do Holocausto. A fechar, entramos na prisão com Albert Camus e um excerto de O Estrangeiro, lido por Pedro Lamares.
Herberto Hélder viu as leves gotas de chuva "no sorriso louco das mães". Outros tantos escritores versaram também sobre a figura omnipresente da "mãe", que esta semana se torna a protagonista do programa. Oportunidade para entrar no mundo íntimo de Carlos Drummond de Andrade, Marilar Aleixandre, Marguerite Duras ou Miguel Torga. Depois, descobrimos os novos sentidos da Utopia de Thomas More. A obra canónica do autor e diplomata inglês foi publicada em 1516, inaugurando uma tradição de publicar obras com visões alternativas para a sociedade. E de visões e contos de gente tresmalhada se faz o mais recente audiolivro da editora BOCA. Teatro sonoro, bem ao estilo radiofónico, Tresmalhados de Maria Morais combina sons de vento e mar com bichos do campo, canções a cheirar a alecrim e conversas que são como as cerejas. Pela ficção se chega à História e da História se volta à ficção. É disso prova a obra História de Angola traçada pelo luso-angolano Alberto Oliveira Pinto, onde os peões de um xadrez, talhados por um artista kikongo, ilustram tempos das florestas de Cabinda aos desertos do Namibe. A despedida deste Literatura Aqui faz-se com a "mãe" de Almada Negreiros.
No rescaldo do maior evento literário da Madeira, dedicamos boa parte desta emissão aos autores madeirenses. Apanhamos boleia de jeep e viajamos pela ilha de braço dado com as palavras do poeta José Agostinho Baptista. O tema "Falsidade e Verdade na Ficção Literária" levou à ilha mais de uma dezena de autores e criadores, na sexta edição do Festival Literário da Madeira. Mia Couto partilha o dia em que viu, pela primeira vez, o seu pai chorar e como percebeu nesse momento a dimensão verdadeira de uma ficção. O angolano Rafael Marques defende que a realidade ultrapassa muitas vezes a imaginação do escritor, relacionando a Literatura com os Direitos Humanos. Filipa Leal e Pedro Lamares dão voz a um excerto de O Fim de Lizzie, da autora Ana Teresa Pereira, com imagens a preto e branco de quatro figuras que, inevitavelmente, se cruzam na ação. Tempo ainda para uma visita a uma das maiores livrarias do País. Chama-se Esperança, fica no Funchal e conta mais de 107 mil livros, todos expostos de capa. A fechar, voltamos à poesia com os murmúrios do mar e as esplanadas da ilha de José Tolentino Mendonça.
Rodeados pelo mar, como se fosse ele o responsável por todos os males e alegrias, Pedro Lamares inicia a viagem por alguns dos autores que, nascendo ou não numa ilha, se dizem insulares. O açoriano João de Melo, nascido em São Miguel, não tem dúvidas de que a insularidade é uma condição que o acompanha pela vida fora. É pela voz deste autor que chegaremos a tantos outros, como por exemplo Raul Brandão ou Antonio Tabucchi, que escreveram sobre ilhas. Pela insularidade, chegamos também a Cabo Verde. Primeiro pela poesia de Arménio Vieira, depois pela memória de um "flagelado do vento-leste" - Ovídio Martins, natural de São Vicente, foi voz-maior da poesia militante. De regresso aos portugueses, a incontornável Natália Correia com o poema "Nascitura". Tempo ainda para uma breve incursão pelo teatro com a obra de Jorge Ferreira de Vasconcelos, importante dramaturgo quinhentista. A fechar, um estendal com calças vermelhas para ouvir versos de Ana Paula Inácio, na voz de Filipa Leal.
Na praia, com sol e livros, Pedro Lamares convida-nos a seguir algumas das mais belas notas de Wallace Stevens, o americano que não concebia a poesia separada da harmonia e do ritmo da música. Neste caso, juntamos-lhe a guitarra do artista português "Filho da Mãe" e o resultado promete. Outra música e outras cores inesquecíveis levam-nos até Lucky Luke, o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra está praticamente com 70 anos. De volta ao mar e na companhia de um surfista, escutamos "As Claras Imagens" de Manuel Gusmão. Mar adentro até chegar a uma das principais editoras da ilha da Madeira: "O Liberal". E é no Continente, mais propriamente na cidade dos estudantes, que encontramos uma da mais importantes bibliotecas do País. A Biblioteca da Universidade de Coimbra guarda tesouros únicos, entre eles: o Livro de Lembranças dos Planetas, os primeiros manuais de Mário de Sá-Carneiro e ainda umas quantas fraudes literárias. Depois de algumas notas pertinentes de Eduardo Lourenço sobre a música, lidas por Filipa Leal, fechamos na cama de rede com o poema "O Dia de se estar" de Ana Luísa Amaral, na voz de Pedro Lamares. É dia de Literatura, estejam connosco!
Pedro Lamares está num porto de pesca construído sobre a água e fala sobre a Espera. Começando pela de Vladimir e Estragon, que esperam Godot. A peça de Samuel Beckett dá o mote desta emissão que chega a outras esperas. Em entrevista, Samar Yazbek, jornalista e escritora síria exilada em Paris, partilha o que tem sido a sua longa "espera" pelo fim da Guerra da Síria. Através do livro A Travessia, a autora leva-nos em viagem ao "coração estilhaçado da Síria", dando voz às pessoas que não têm voz e vivem diariamente o inferno da guerra. Com um excerto de Perder Teorias, lido por Filipa Leal, esperamos que o peixe morda, confiamos: "as frases que não entendemos podem ajudar-nos muito mais do que as que entendemos perfeitamente". Mário de Sá-Carneiro, a quem Pessoa chamou de "homem são louco", suicidou-se há cem anos. É dele a novela poética que se junta aos trabalhos de Alfredo Luz, Cruzeiro Seixas e Mário Botas num livro-objeto artístico. A fechar, Pedro Lamares lê a "Caranguejola".
Pedro Lamares está no Palácio Nacional de Queluz, construído no século XVIII ao estilo rococó, e lança a pergunta: o que define afinal o estilo de um escritor? Sobre este assunto, Herberto Helder começou por confessar "Se eu quisesse, enlouquecia". Ele que sabia "uma quantidade de histórias terríveis", por vezes, também se via a braços para arrumar tudo. Com as palavras dele, lidas por Filipa Leal e Pedro Lamares, chegaremos ao significado do estilo. Noutro estilo, saltamos para as palavras de William Shakespeare que ao longo de cinco séculos têm sido traduzidas por diversas gerações. De visita a uma exposição, seguimos para a História da Lusitânia e os mistérios trazidos por essa glória celebrada por Camões. Na rubrica "O Livro que não volto a ler", há conversa sobre pais e filhos, na voz do ator e encenador Miguel Fragata. Destaque ainda, nesta emissão, para o poema "Acordos" de Nuno Júdice e, de volta ao estilo de Herberto, um excerto do ensaio "Por causa de Photomaton
Pedro Lamares cita o professor e crítico literário americano Harold Bloom e questiona: "O que deve ler o indivíduo que ainda pretende ler?". Arriscamos na procura da resposta no hoje, no agora da Literatura. É desse ponto que partimos para um primeiro momento de poesia de três mulheres do nosso tempo - Inês Fonseca Santos, Golgona Anghel e Rita Taborda Duarte. Em reportagem, acompanhamos um Leilão de Livros, presencial como manda a tradição e com martelo para arrematar a venda. Voltamos à poesia, desta vez com os versos de três homens - Miguel-Manso, Nuno Moura e José Miguel Silva - lidos por Filipa Leal e Pedro Lamares. E, como estamos em passeio pelos jardins de um palácio, não deixamos de lado os príncipes, desta vez, da medicina, também eles médicos de palavras. A fechar, recuperamos a pergunta inicial desta emissão com um ensaio de Harold Bloom - Uma elegia em louvor do canône. Será que tudo ficará na mesma?
Desta vez, começamos "por um dia de inverno", mesmo fazendo sol, embarcamos na poesia de Rosa Alice Branco. E é com a pergunta do poeta Egito Gonçalves - "Pode um carpinteiro consertar a porta de um coração?" - que Pedro Lamares se apresenta no cais de Gaia, com vista para a bela cidade invicta. Embora cientes de que "uma declaração de amor não é acontecimento do domínio público", arriscamos na poesia de Rosa e Egito, um diálogo de leituras de Filipa Leal e Pedro Lamares. Em reportagem, recordamos um editor português, dos Açores, que foi incansável na divulgação da literatura chilena. Deve-se a Carlos George Nascimento a descoberta de inúmeros escritores, entre eles, o poeta Pablo Neruda. Seguimos para outras palavras, por carta, de Paulo José Miranda, começando pelo aviso: "Não tenhas medo, a vida há-de passar". O medo não travou os portugueses que criaram o primeiro império global. O historiador inglês Roger Crowley partilha connosco algumas das suas descobertas enquanto investigava as dos conquistadores portugueses. A fechar, o prometido "desafio gigante". O ilustrador André Caetano desenha para as palavras de Paulo Kellerman. O amor e o tempo, um casal com 30 anos de vida comum.
Começamos por recordar uma "pintora da palavra". Ana Hatherly foi artista plástica, poeta e romancista. É pela sua mão sensível que nos chega um primeiro momento de poesia, com gatos e algumas das "463 tisanas", lidas por Filipa Leal e Pedro Lamares. Sem tempo a perder, visitamos duas bibliotecas de referência, em Lisboa e no Porto, para melhor conhecer os "formatos alternativos". São muitos os voluntários que investem o seu tempo para que os livros possam realmente chegar a todos. De volta à poesia e aos artistas, serão as palavras de Alberto Pimenta, em jogo de repetições e sentidos, que nos levam para universos com papagaios, florestas e grafiti. Na habitual rubrica "O Livro que não volto a ler", há partilha de uma arquiteta sobre o seu pé de laranja lima. Com o livro "O Caminho da vida", investimos nas trilhas da filosofia clássica chinesa e, a fechar, acompanhem-nos na compra de um poeta, com texto de Afonso Cruz. Fica a recomendação do vendedor: "É sempre necessário serem um pouco subversivos ou a qualidade poética baixa demasiado e não gera lucro, ninguém compra".
Nesta emissão, alguns dos 154 sonetos de Shakespeare são lidos por Pedro Lamares e Filipa Leal. No primeiro bloco, o poeta versa pelo amor a uma mulher. Já no segundo, dirige-se a um belo e jovem rapaz. Em reportagem, Filipe Melo e Juan Cavia partilham o longo processo de criação de uma Banda Desenhada com mais de 200 páginas sobre a Guerra Colonial - "Os Vampiros". A música chega-nos pela voz de Sofia Vitória a cantar Fernando Pessoa em inglês. Avareza é um dos sete pecados mortais e define bem os usos e abusos das finanças do Vaticano. Pilhas de documentos comprometedores chegaram às mãos de jornalistas italianos, entre eles Emiliano Fittipaldi. Será o próprio a partilhar parte do conteúdo da sua investigação neste episódio. A fechar, saberemos mais da biografia de Shakespeare - a documentada e a dedutiva, nas palavras de Giuseppe Lampedusa.
A partir da Terra do Sempre, em Grândola, Pedro Lamares continua uma viagem que também passa por outras terras. Algumas do reino da fantasia. Como aquelas que encontramos no universo literário dos contos de Hans Christian Andersen. Já a poesia do paulistano Luiz Tatit chega "pra dizer o que sentia". Porque os sentimentos são impulsionadores de vida e de projetos, como a livraria solidária Déjà Lu. Um espaço carregado de memórias que transforma um livro já lido, num livro mais rico. A solidariedade pode assumir várias formas. Para o escritor argentino Martín Caparrós trata-se de chamar a atenção para "A Fome". Neste planeta que encerra tantas discrepâncias, ouvimos o "Ventro Seco" que chega do Brasil. A força poética da prosa de Raduan Nassar, o escritor brasileiro de origem libanesa, faz-se ouvir na voz de Filipa Leal e Pedro Lamares.
O universo feminino em toda a sua dimensão. Complexo, fascinante, muitas vezes inexorável. Tal qual Marilyn Monroe. Nasceu Norma Jean, a mulher que foi mais mulheres, e faria este ano 90 anos se estivesse viva. Nas vozes de Pedro Lamares e Filipa Leal, Marilyn vive, como dantes. Em palco o olhar de Rui Horta dá vida nova a uma história antiga. Mais do que amor, o coreógrafo vê em "Romeu e Julieta" confronto e violência. Temas que Pedro Almodôvar nunca escamoteou. O cineasta, criador de um sem-número de fortes e coloridas personagens, visita o programa desta semana com "Patty Diphusa". A estrela internacional de filmes pornográficos que entra em diálogo direto com o seu criador. Eles caminham juntos, no parque, com o Pedro Lamares e a Filipa Leal. A caminhada continua mas agora na cidade. É com Joana Bértholo que passeamos pelas ruas de Lisboa. Ao todo são mais de 40 os autores que partilham a sua visão da capital portuguesa no Guia Ler e Ver Lisboa.
Voltamos de barco! Neste primeiro episódio da nova série, Pedro Lamares e Filipa Leal trazem o regresso como tema. Começando pelas palavras do italiano Cesare Pavese: "Será possível que aos quarenta anos, e com todo o mundo que eu vi, não saiba ainda o que é a minha terra?". Acompanhamos o regresso de um homem a uma terra, sem certezas de ser ou não a sua. Em reportagem, procuramos pelo lugar da literatura no quotidiano de alguns reclusos da Ala G do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Através do projeto A Poesia Não Tem Grades, há leitores a dizer versos de cor e a encontrar nos livros caminhos de volta à liberdade. À boleia de um veículo que não passa os 40 km/hora, avançamos sem pressas para uma livraria sobre rodas: On The Road começou em Évora, mas quer chegar a muitas outras cidades do País. A estrear um espaço inédito no programa, o ator Jaime Freitas vai partilhar qual a personagem da sua vida. A escrita de Dulce Maria Cardoso marca a parte final deste episódio com excertos de um "Retorno" a preto e branco. E se no início lançamos "A Pergunta", mais uma novidade desta nova série, no final, revelamos a resposta.
Esta semana, tudo começa pela pergunta de Pedro Lamares: "Quantos mares há na Literatura Portuguesa?". As respostas vão surgindo por poemas, sem números nem contas a facilitar o tempo, "o tempo que os comboios do sentido contrário engolem". À velocidade deste "Intercidades" de Margarida Vale de Gato, chegamos à paisagem devastada e depois ao lago dum barco de papel enquanto Filipa Leal diz versos de João Luís Barreto Guimarães. Sem sair da poesia, visitamos o "mar" de Jorge de Sena. Com a ajuda do professor Jorge Fazenda Lourenço, deslindam-se detalhes e passagens da vida do poeta. Em reportagem, um mar de livros e histórias que distinguem a Ulmeiro - livraria com quase meio século de existência. Pelo mar, chegamos ao outro lado do mundo, Timor-Leste, na companhia do historiador Rui Graça Feijó. A fechar, "Águas Sobreviventes" de Armando Silva Carvalho e, como não podia deixar de ser, a poeta que se buscou no vento e se encontrou no mar - Sophia de Mello Breyner Andresen.
Começamos por coisas sérias: um livro sobre o Holocausto com ratos, gatos e porcos. A obra "Maus" de Art Spiegelman revolucionou a arte de contar histórias com desenhos. O mote não poderia ser melhor para esta emissão dedicada às novelas gráficas. Seguimos para Coimbra ao encontro de um especialista em Banda Desenhada. João Miguel Lameiras tem trazido inúmeros títulos deste género para português - dos clássicos às mais recentes novidades. Tempo ainda para visitar a livraria mais antiga do mundo em funcionamento. A Bertrand, fundada em 1732, há muito que faz parte do itinerário cultural de Lisboa. A fechar e depois da breve passagem de Pedro Lamares por uma das primeiras páginas do "Sai do Meu Filme", entramos numa casa aparentemente perfeita... É a "Fun Home" de Alison Bechdel na voz de Filipa Leal. Uma novela gráfica com uma participação especial do actor Pedro Laginha.
Alguns autores falam de "mandamentos da escrita", outros partilham a experiência de não ter regras para escrever. Durante cinco anos, o fotógrafo Eder Chiodetto visitou 36 escritores brasileiros. Conversou com eles e juntou as palavras com imagens num retrato sensível desse "Lugar do Escritor". Nós arriscamos noutras imagens para os testemunhos de Adélia Prado, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto e Hilda Hilst. Fora de casa, de visita a Vila Velha de Ródão, acompanhamos a residência literária de um grupo de escritores no âmbito da iniciativa "Poesia, um dia". Em Óbidos, à margem do Folio 2016, conversamos com a alemã Jutta Bauer e o português João Fazenda sobre histórias com uma "Rainha das Cores" e uma "Dança". A fechar, poemas de Luís Castro Mendes lidos por Pedro Lamares - "Até ao fim não deixarei de olhar".
Esta semana, Pedro Lamares traz pelo braço o "Senhor Cogito" - criado pelo poeta polaco Zbigniew Herbert. Começamos pelas reflexões sobre "o poeta de certa idade" e o "inferno". Em reportagem, falamos de outro poeta, nome maior da poesia portuguesa do século XX. Ruy Belo, nas palavras da sua Maria Teresa, do filho Duarte e do amigo Luís Miguel Cintra. Voltamos à poesia de Zbigniew Herbert para outra reflexão sobre "Uma Vida". Em conversa com o brasileiro Marcelo Mirisola, entramos na escrita e no jeito de dizer as coisas deste autor. A fechar, Lev Tolstói e um excerto d´"A Morte de Ivan Iliitch".
Pedro Lamares lança o mote com a história da poeta Cecília Meireles e do marido Fernando Correia Dias. O artista plástico ofuscado pelo sucesso da mulher não suportou a angústia de viver na sombra. Outras sombras chegam-nos com as palavras de Maria Gabriela Llansol. À leitura de Filipa Leal, juntamos uma visita à casa de Llansol, em Sintra. Em reportagem, avançamos com outra história de um homem que escolheu viver na sombra da mulher: Leonard Woolf. De volta à poesia, seguimos uma lâmpada em movimento enquanto se ouvem versos de Mário Cesariny - "Faz-se luz pelo processo de eliminação de sombras". Tempo ainda para conversar com duas autoras sobre o perfil de um "ghost-writer" e, noutra reportagem, com um helenista de renome, Frederico Lourenço com uma Bíblia na mão. A fechar, uma carta da viúva de Bach, com um excerto do livro de Pedro Eiras.
Pedro Lamares começa esta emissão por relembrar o que moveu cinco jovens poetas, em 1961, a refletir sobre a poesia do seu tempo. Casimiro de Brito, Luiza Neto Jorge, Gastão Cruz, Fiama Hasse Pais Brandão e Maria Teresa Horta. São deles as palavras que ao longo deste programa surgirão, lidas por Filipa Leal e Pedro Lamares. Em reportagem, pisamos um palco para ver Contos em Viagem - Macau. Com encenação de Natália Luiza, esta peça dá continuidade ao trabalho de pesquisa da língua portuguesa e da sua escrita poética, ficcional e de prosa. Na rubrica A Personagem da Minha Vida, visitamos o atelier de uma jovem artista plástica para conhecer as personagens que a têm acompanhado no seu trabalho. Tempo ainda para uma conversa franca com o português dos sete ofícios e passador de cultura Onésimo Teotónio Almeida. A fechar, cabemos todos n´O Aquário de Fiama Hasse Pais Brandão.
Pedro Lamares não podia estar em melhor sítio para falar de embriaguez. É a partir da cave de uma adega do Douro, com tonéis a perder de vista, que tomamos as palavras de Charles Baudelaire como introdução: "Deve-se estar sempre embriagado. Nada mais importa." Segue-se o primeiro bloco de poesia desta emissão com palavras de Al Berto e Manuel de Freitas. Em reportagem, temos um passeio pela Alameda, em Lisboa, à conversa com Gonçalo M. Tavares e Jorge Vaz Gomes. De volta à poesia, sugerimos uma incursão pelo clássicos com Safo, Li Bai, Ovídio e Hafiz. Acompanhamos ainda o trabalho do Trigo Limpo teatro ACERT com a comunidade de Alcobaça no âmbito do seu novo espetáculo, inspirado no conto tradicional "O Polegarzinho". Tempo ainda para uma passagem pelo cinema com o filme Maravilhoso Boccaccio e, a fechar, voltamos à embriaguez com os versos de João Habitualmente.
Esta semana, Pedro Lamares está numa "casa-estúdio" para apresentar essa relação da fotografia com a Literatura. Começamos pela referência superlativa ao francês Cartier-Bresson e, depois, seguem-se os versos de Luís Miguel Nava com imagens a preto e branco. Em reportagem, acompanhamos o lançamento da coleção "Heterónimos" do estilista Nuno Gama, inspirada no estilo e na obra de Fernando Pessoa. Filipa Leal sugere-nos um excerto da "Câmara Clara" de Roland Barthes. Fora da fotografia, chegamos a outro mestre: Júlio Pomar. A relação do pintor com as palavras de Cervantes tem mais de 50 anos. A fechar, "O Visor" de Raymond Carver leva-nos para dentro de um laboratório de fotografia.
Sentimento "apenas" português, dizem. Há mais de cinco séculos que se procura uma definição exata da palavra. O olhar dos poetas sobre a ideia de saudade foi reunida, em livro, por Urbano Tavares Rodrigues. A partir desta antologia, Pedro Lamares e Filipa Leal guiam-nos através de uma escolha de poemas e prosa de autores como Camilo Castelo- Branco, Bocage ou Almeida Garret. Não se pode compreender o presente sem olhar o passado, por isso, (re)visitamos os textos de Gil Vicente à luz do seu e do nosso tempo. Para o futuro fica também o legado de um homem que a partir dos livros, criou uma das maiores coleções de arte em Portugal: Manuel de Brito.
Esta semana, Pedro Lamares abre o programa a recordar alguns dos termos utilizados na imprensa portuguesa em 1915 em relação ao lançamento da revista Orpheu. Houve até quem chamasse os seus autores de "poetas-paranóicos". O mote é bem feito a esta emissão, tendo como primeiro momento de poesia a voz de Filipa Leal a ler versos publicados numa revista literária, neste caso, do poeta madeirense Vítor Sousa - "Parar é bonito". Segue-se uma incursão mais "surrealista" para lembrar a história do poeta António José Forte, que teve a seu lado a artista plástica Aldina Costa. No espaço "A Personagem da Minha Vida", é a vez do arquiteto José Mateus partilhar o nome do protagonista de um livro de Gonçalo M. Tavares que não lhe sai da cabeça. Tempo ainda para os testemunhos de dois autores que encontram nas redes sociais espaço e leitores para os seus escritos. A fechar, é de Tintoretto e de Patrícia Portela uma Via Láctea inteira.
Pedro Lamares está esta semana em Linda-a-Pastora, concelho de Oeiras, à porta da casa que Cesário Verde habitou. É deste poeta, nascido em 1855, um dos mais importantes textos da Literatura Portuguesa: "O Sentimento dum Ocidental" - lido nesta emissão por Filipa Leal e Pedro Lamares. Seguimos para uma conversa com Maria Filomena Mónica, que muito aprecia a obra de Cesário e considera-o "um génio ignorado". Com uma estrutura de andaimes a perder de vista, é tempo de recuperar os versos de Natália Correia com o "Pranto dos Europeus à Saída do Festim". Em reportagem, na tentativa de melhor compreender o nosso "peso literário", falamos com Helena Buescu, a primeira doutorada em Literatura Comparada em Portugal. A fechar, sugerimos uma viagem pela "Jangada de Pedra" de José Saramago - "A raça dos inquietos, fermento do diabo, não se extingue facilmente".
Querer rir e fazer rir. Um desafio a que nunca se negaram muitos escritores portugueses, profissionais provocadores. Falamos de Mário Cesariny, como poderíamos falar (por que não?) de Ricardo Araújo Pereira. O humorista continua a mostrar reticências em afirmar-se como escritor, mas a verdade é que lá vai publicando e enchendo-nos as estantes com livros de riso, pelo que não se escapou a uma entrevista ao Literatura Aqui. Depois, ensaiamos um riso com Henri Bergson e desejamos, com algum sarcasmo, a galinha dos ovos de ouro de La Fontaine. As fábulas do poeta francês ganharam traço pela mão de um dos maiores nomes da ilustração do século XIX - Gustave Dore. Caso para dizer que se trata de uma obra que vale a pena ler - e ver - "a passo de tartaruga". Tempo ainda para descobrir os poemas de Fernando Pessoa nos desenhos, com uma pitada de humor, de Pedro Sousa Pereira. Por fim, a rendição às palavras da escritora e ensaísta Dubravka Ugresicc, nascida numa vila da antiga Jugoslávia (atualmente território croata), considerada por muitos como uma das vozes mais originais e eruditas da literatura da Europa Central.
Pedro Lamares está na casa da Marquesa de Alorna, ou como lhe chamam, Palácio dos Marqueses de Fronteira. É com o testemunho de Leonor de Almeida Portugal que se avança para o tema da História na Literatura. Segue-se a poesia de Ana Luísa Amaral, imaginando "Inês e Pedro: Quarenta Anos Depois". Em reportagem, falamos com a editora Bárbara Bulhosa e o ativista Luaty Beirão sobre esse papel de publicar em livro as vozes que alguns poderosos tentam silenciar nos nossos dias. As injustiças sociais, os crimes e "a farsa, a nojenta farsa" prolongam-se em poesia com os versos de Eugénio de Andrade no seu "Requiem para Pier Paolo Pasolini". Aos versos, ousamos juntar imagens de outra brutalidade não aconselháveis aos mais sensíveis. Fora dos cenários mais tensos, recordamos a vida e obra de Ruy Cinatti, poeta que dizia com razão: "Nós não somos deste mundo". Tempo ainda para conhecer a personagem preferida da bailarina Filipa Castro e, a fechar, em prosa, excertos de "Uma pequena história do Mundo", de Ernst Gombrich.
Pedro Lamares está num dos maiores hotéis literários do mundo, The Literary Man, situado naquela que foi há um ano eleita pela Unesco como "Cidade da Literatura": Óbidos. E seguimos para uma Nova Iorque antiga ao mesmo tempo que ouvimos Filipa Leal a ler "Descobri Que Era Europeia" de Natália Correia. Sem virar costas à quadra, confiamos na seleção de Vasco Graça Moura com o livros "As Mais Belas Histórias de Natal Portuguesas". Seguem-se outros senhores e outras cidades, primeiro Baudelaire, depois Lawrence Ferlinghetti - "Londres em forma de cruz". Em reportagem, com visita a uma quinta habitada por muitos animais, recordamos Beatrix Potter e as mais inesquecíveis personagens do seu universo - o Pedro Coelho, a Dona Raimunda, o Porquinho Robinson ou até a Gata Menina Melissa. A música chega-nos logo a seguir com sotaque italiano - Mariano Deidda tem dedicado boa parte da sua discografia à obra de Fernando Pessoa. A fechar, Italo Calvino e as suas "Cidade Invisíveis".
Pedro Lamares abre este episódio com O Poema Pouco Original do Medo, de Alexandre O´Neill. Depois do alerta "O medo vai ter tudo", chega-nos o apelo do poeta Ruy Belo, na voz de Filipa Leal - "Que o medo não te tolha a tua mão". Seguimos para reportagem com um elenco forte de nomes - como Howard Phillips Lovecraft - que ajudaram a construir o que hoje podemos chamar de literatura de terror. Voltamos à poesia com um galo e algumas pêras a servir os versos de Ferreira Gullar. Recordamos ainda o grande Mário Dionísio, a fechar o ano do centenário sobre o seu nascimento. A fechar esta emissão, é de Mia Couto a palavra: "há quem tenha medo que o medo acabe".
Pedro Lamares está esta semana no Observatório Astronómico de Lisboa, local que mantém e fornece a Hora Legal Portuguesa. São precisamente os medidores do tempo que dão o mote para esta emissão. "O anoitecer situa as coisas na minha alma / Como as cadeiras arrumadas / Quando os amigos partiram" - aos versos de Vitorino Nemésio juntamos a ronda de um guarda nocturno na cidade. Em reportagem, conversamos com Jorge Vaz de Carvalho, um fiel leitor e tradutor de Ulisses, de James Joyce, focando as características que tornam esta obra tão singular, incluindo o fator tempo na ação narrativa. E falar de tempo na Literatura exige-nos uma incursão pela recherche de Marcel Proust. Enquanto seguimos o trabalho de um relojoeiro, Pedro Lamares lê um excerto de "Em Busca do Tempo Perdido". Segue-se o palco e o livro com a história de uma "Bayadère" e ainda o romance de Dejan Tiago-Stankovic sobre o "Estoril" em tempos da Segunda Guerra Mundial. A fechar, as palavras de Juan Gabriel Vásquez - "É muito pobre a memória que só funciona para trás". Sejamos menos pobres aqui, com Literatura.
Pedro Lamares está esta semana pelo relvado do Clube de Futebol Os Belenenses, no Restelo. É de lá que nos lançamos para o jogo, Tó Carlos dá o pontapé de saída - "No futebol como no amor quem marca mais golos ganha". Segue-se a conversa com Rui Miguel Tovar, dono de uma memória prodigiosa, tendo como pretexto "Bola no Ar", o seu mais recente livro. Voltamos depois para quem vê os jogos, quem delira com o que acontece dentro das quatro linhas. Com a ajuda de Eduardo Galeano - "O fanático chega ao Estádio embrulhado na bandeira do time, a cara pintada com as cores da camisa adorada, cravado de objetos estridentes e contundentes, e no caminho já vem fazendo muito barulho e armando muita confusão." Fora das quatro linhas e do universo futebolístico, uma entrevista fascinante com o surrealista Cruzeiro Seixas. Em reportagem, Fernando Alves diz e fala de Manoel de Barros. O poeta da palavra que nasceu em Cuiabá, no Brasil, em 1916. E a fechar Filipa Leal e Pedro Lamares lêem excertos das "Memórias de Um Craque", de Fernando Assis Pacheco, enquanto acompanhamos um treino noturno. Por fim, o árbitro apita. A partida termina. A Literatura ganha, Aqui.
Pedro Lamares está no Museu do Dinheiro, em Lisboa, para falar justamente de dinheiro. Tomando de empréstimo as palavras de Charles Dickens, impõe-se a questão: "afinal, o que é o dinheiro?". E os primeiros em poesia são Adília Lopes - "Para mim poesia é gestão" - e Geoffrey Chaucer com um "grito de socorro" à sua bolsa - "Fica pesada outra vez, senão eu morro". Em reportagem, vamos até Faro conhecer o alfarrabista Simões. A crise financeira trouxe-lhe uma ação de despejo, mas a dedicação aos livros não o deixou largar a atividade. Segue-se uma passagem pela crónica de Miguel Esteves Cardoso "A Aventura da Inflação". Depois, cinema com "Zeus". Paulo Filipe Monteiro levou para o grande ecrã a história desse homem escritor que foi também Presidente da República: Manuel Teixeira Gomes. Tempo ainda para conhecer a personagem da vida de um jovem criativo e realizador. A fechar, sem superstições por gatos pretos, Manuel António Pina alerta: "Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista".
Desde 1901 que a Academia Sueca distingue autores, atribuindo-lhe anualmente aquele que é por muitos considerado o mais importante prémio literário do mundo. Nem sempre os laureados reuniram consenso. Recentemente, Bob Dylan foi o primeiro músico a ganhar o Nobel. Algumas vozes dissonantes se levantaram. Nesta emissão, acompanhamos o jovem músico Noiserv, na estrada e em estúdio, ao mesmo tempo que Pedro Lamares e Filipa Leal lêem Dylan. Segue-se uma conversa no teatro com Jorge Silva Melo sobre Harold Pinter. A habilidade do dramaturgo inglês com as palavras e algumas das suas peças em revista nesta emissão. Com a ajuda de João Paulo Oliveira e Costa, seguimos para uma incursão por um capítulo da História que tem alimentado imaginação e polémica: a chegada dos portugueses ao Japão em meados do século XVI. A despedida faz-se na companhia de Winston Churchill numa caçada em África.
Pedro Lamares está em cenário, como que ocupando espaços e ideias de uma sociedade. Em 1516, foi publicada a obra canónica de Thomas More: Utopia. Queremos saber se há utopias portuguesas. O professor Jorge Miguel Bastos da Silva estudou o assunto e diz que sim. Num primeiro momento de poesia, ouvimos a Utopia de José Afonso e seguimos um ciclista de manhã. Em reportagem, recordamos o poeta e monge Daniel Faria. Seguimos com o excerto de um ensaio de M. Luísa Malato Borralho, recuperando a pergunta: "Não há Utopias Portuguesas?". Na companhia da ilustradora alentejana Susa Monteiro, visitamos Beja, tendo como roteiro um exemplar da coleção "A minha Cidade". Os livros podem realmente ter vários formatos e propósitos. Nesta emissão, conversamos com Andreia Brites sobre o conceito de livro-jogo. Na rubrica "A Personagem da Minha Vida", fazemos um passeio pela mata de Benfica ao lado de uma médica oftalmologista. A fechar, sossegamos na leitura de Filipa Leal: "Estais na Ilha de Irmânia, entre o povo livre e feliz que nela habita".
Pedro Lamares está no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa. Apresenta esta emissão voltada para o tema do sono, parte essencial da vida. A Literatura tem sabido ocupar-se dela. Sono e sonhos, referências abundantes nos livros como, por exemplo, o "Sono" de Haruki Murakami - "Há dezassete dias que não durmo. Atenção, não estou a falar de insónia". Juntamos às passagens lidas por Filipa Leal a interpretação de Sara Carinhas, num quarto, sem sono, na rua, na vida. Seguimos para uma viagem pelo teatro imersivo com o espectáculo da Companhia Byfurcação - "Alice - o outro lado da história". Depois? Depois, passamos pelas brasas com Eduardo Prado Coelho "para haver uma espécie de desintoxicação e nós ficarmos de novo despertos e atentos". Atentos às novas formas de levar poesia ao mundo, conversamos com Guilherme Gomes. O jovem ator que é mentor do "Dizedor" na internet. A fechar, as palavras de Almada Negreiros e um Pierrot meio perdido num pomar.
O início da noite encontra Pedro Lamares numa mesa de café a dizer Álvaro de Campo e a recordar Clarice Lispector, que vivia algumas insónias como um dom. Depressa mergulhamos nos versos de Catarina Nunes de Almeida, também eles dançados por uma bailarina - "A mulher espera o sono de olhos cravados no ventre". Na inquietude que a insónia provoca encontramos Bernardo Santareno. E, em conversa com o primo do dramaturgo, conhecemos melhor o médico que nunca deixou de lutar contra todo o tipo de discriminação. Voltamos a quem não dorme agora no "2º andar direito" de Sérgio Godinho, lido por Pedro Lamares e Filipa Leal. E, de repente, estamos no Porto, no universo mágico de Beatriz Hierro Lopes. A editora artesã que faz da resistência uma arte. Por falar em resistir lembramos essa mulher extraordinária que criou a teoria da banalidade do mal. Hannah Arendt, no Literatura Aqui. Terminamos "Sobre o Lado Esquerdo", de Carlos de Oliveira.
Pedro Lamares está na estação de comboios, pronto para ir embora. Toma por empréstimo o poema de mais longa gestação da vida de Manuel Bandeira "Vou-me embora pra Pasárgada". Em reportagem, falamos sobre o que é ser escritor nos dias de hoje. Em Vila Nova de Gaia, com o autor João Reis, que também é tradutor e acaba de lançar um romance escrito no decurso de uma residência literária em Montreal. Em Lisboa, com Maria do Rosário Pedreira, escritora, editora e letrista. Segue-se outro momento de poesia que junta o "Vambora" do Brasil com o "Fora Cá dentro" de Portugal. Voltamos logo a seguir ao português do Brasil com Mariano Marovatto, um carioca que canta, compõe e escreve livros. A fechar, a voz de Filipa Leal com excertos d´"O Grande Gatsby" ao mesmo tempo que acompanhamos o homem de fato escuro. Pedro Lamares vai embora, mas regressa na próxima semana.
Pedro Lamares apresenta, em poucas palavras, a missão a que Elie Wiesel tomou para si depois de ter sobrevivido aos campos de concentração: "Não deixar morrer a verdade sobre o Holocausto". Ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1986. É pela sua "Noite", um dos livros mais comoventes, que propomos começar. Em reportagem, uma visita à Fortaleza de Peniche com Carlos Brito. Muita poesia foi escrita e sonhada por quem penou a injustiça na prisão na época da ditadura fascista. Outros poemas, mais recentes, chegam-nos escolhidos por Filipa Leal. Desta vez, palavras de Margarida Ferra: "As primeiras coisas ditas (...) serviram de molde a tudo depois". No rescaldo das leituras, conhecemos um clube de leitura em Alcochete. Tempo ainda para um passeio por Lisboa com Helder Macedo, Camões e outros contemporâneos. A fechar, há barcos e versos de José Tolentino Mendonça - "A noite abre meus olhos".
É nas salas do Casino Lisboa que Pedro Lamares fala de um jogador inveterado, Fiódor Dostoiévski. Mas as palavras do escritor chegam pela voz de Filipa Leal: "Quando entrei no salão de jogos, pela primeira vez na minha vida, estive ainda algum tempo sem me decidir a jogar". Deixamos por momentos a penumbra das salas de jogo para percorrer as ruas de Sines na esperança de encontrar Al Berto. E encontramos, através do olhar e das memórias que Vicente Alves do Ó generosamente partilha connosco. De volta ao jogo, numa mesa de poker, entre fichas e cartas, ouvimos palavras de Leonard Cohen: "...eu disse-te quando cheguei, que não era de cá". Segue-se um professor de Educação Visual e Tecnológica que constrói histórias a três dimensões. Encerramos em cheque-mate com a voz de Pedro Lamares e as palavras de Nuno Bragança - "Quem se atirar de cabeça descerá como um raio até ao centro da Terra".
Pedro Lamares conduz-nos até à calma do Alentejo para encontrar, na voz de Filipa Leal, um herói particular. Macunaíma, a personagem - título do livro do escritor brasileiro Mário de Andrade: "vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava para ganhar vintém". Seguimos com atenção o movimento da Flor Amarela e ela leva-nos até Machado de Assis, no olhar de Anabela Mota Ribeiro. Depois do "Dióspiro" de Daniel Maia-Pinto Rodrigues e da "Liberdade" de Fernando Pessoa, conhecemos quatro mulheres que transpuseram as barreiras do seu tempo. Frida Kahlo, Juana Azurduy, Clarice Lispector e Violetta Parra são o rosto de uma coleção que pretende mostrar que as princesas nem sempre usam tiaras. Em reportagem, uma mostra que nos leva para a Lisboa do Renascimento. Terminamos com o direito à preguiça porque "na sociedade capitalista, o trabalho é a causa de toda a degenerescência intelectual".
Com a planície alentejana e os versos de Sophia na memória. É assim que Pedro Lamares inicia este programa. Segue-se a voz de Filipa Leal que nos leva para as Galveias, a terra do escritor José Luís Peixoto: "Regressei hoje a esta terra agora cruel. A nossa terra, pai." Passamos, repentinamente, para a escuridão de uma sala de teatro para conhecer a mais bela morte da literatura - a morte de Anna Karénina. Assim é considerada pelo atual diretor do Teatro Nacional Dona Maria II. Com base na criação de Tiago Rodrigues com a companhia belga TgStan, falamos sobre o modo como a literatura pode influenciar as nossas vidas. Exemplo disso é, esta semana na rubrica "A Personagem da Minha Vida", o impacto de Ludo na vida do realizador Sérgio Graciano. E porque é importante criar raízes, chegamos a uma Baobá, livraria com nome de árvore, onde os livros e a criatividade abrem portas aos mais pequenos. A rematar, Pedro Lamares mantém-se no Alentejo acompanhado pela Toada de José Régio: "Em Portalegre, cidade/Do Alto Alentejo, cercada/De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros/Morei numa casa velha,/velha grande tosca e bela".
Pedro Lamares conduz-nos numa viagem ao mundo dos animais, começando pelas curiosidades da história escrita em 1948 por Jorge Amado para o seu filho: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Segue-se uma conversa em diferentes escalas com Rita Taborda Duarte e Pedro Proença. Através do livro "Animais e Animenos", conhecemos criaturas surpreendentes. Surpreendente é também o universo de Mia Couto e Julián Fuks que, no âmbito de uma mentoria literária, trocam experiências e desafiam o futuro da literatura. E, entre prosa e poesia, relembramos que "os peixes nunca fecham os olhos, nem mesmo quando estão adormecidos". Em reportagem, recuamos alguns séculos para conhecer casamentos reais num tempo em que os laços se faziam de poder e influência política. A fechar, voltamos ao Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, um excerto da história na voz de Filipa Leal.
Pedro Lamares relembra Gustave Flaubert - "De todas as mentiras, a arte é ainda a menos falsa". A verdade e a mentira andam de braço dado na Literatura. Falamos de ficção, de procurar nela as verdades do nosso mundo. A voz de Filipa Leal traz-nos uma passagem pel´ "A curva do Rio", de V. S. Naipaul: "Até mesmo os hipocondríacos têm por vezes doenças reais". Seguimos para as palavras do dramaturgo e poeta argentino Luis Cano, levadas a palco pela encenadora Teresa Sobral. Em reportagem, avançamos com uma visita ao Hospital Miguel Bombarda para deslindar o modelo que ficou conhecido por "Panóptico de Foucault", mas que afinal é bem anterior ao filósofo francês. Em poesia, Pedro Lamares e Filipa Leal sugerem Al Berto e Paul Celan. Conhecemos ainda a Livraria Histórica e Ultramarina em Lisboa e, a fechar, pura "Ficção" de Fernando Pinto do Amaral.
Arrancamos na Costa Nova, em Aveiro. A diversidade do casario riscado serve de pano de fundo a Pedro Lamares para evocar os sentidos da cor. Logo depois levantamos voo em direção ao céu azul, embalados pela voz de Filipa Leal. Mas as palavras são de Maria Quintans: "Poderá haver um ou outro amarelo misturado com conversas brancas mas cerca de noventa por cento dos cérebros são efetivamente amarelos". Esta viagem leva-nos até Castelo Branco onde aterramos para conhecer o Festival Literário - Fronteira que nunca esquece os mais novos. É então que, pela voz de Pedro Lamares, ouvimos uma passagem de "Deus Ajude a Criança", de Toni Morrison: "Mas não fui capaz de fazer isso, por muito que desejasse que ela não tivesse nascido com aquela cor horrível". Bastante colorida, Mariana Fernandes revela-nos um universo de magia e força através da personagem da sua vida: Harry Potter. Em reportagem, conhecemos melhor a herança cultural timorense numa visita ao Museu Nacional de Etnologia. A fechar temos poesia: "Escarpas e Éolo" de Daniel Jonas e "O Gato Epiléptico" de José Diogo Nogueira.
Pedro Lamares está pelas ruas de Lisboa e convida a um passeio pela Literatura, desta vez, falando das mulheres e do tempo que por elas passa. Segue-se um excerto de "Mãe eterna", de Betty Milan, na voz de Filipa Leal - "Se eu pudesse dar-te a vida de novo... fazer-te nascer de mim, como eu nasci de ti... Não paro de desejar o impossível". Deixamos Lisboa por alguns momentos e partimos em reportagem até à Serra de Monchique. É no coração do Algarve que cruzamos "Medronho" e Literatura, numa fabulosa viagem que junta as paisagens e os sabores às palavras de Afonso Cruz e Sandro William Junqueira. De regresso à capital, espera-nos uma conversa com Paula Lobato de Faria, uma mulher das ciências que levou 30 anos a ganhar coragem para se estrear na escrita de um romance que é um "retrato de uma família portuguesa". Voltando às mulheres de outros tempos, Pedro Lamares traz-nos "Uma Senhora" de Machado de Assis. Daí seguimos para um projeto dedicado ao poeta das canções Ary dos Santos. E encerramos tal como começamos: com mulheres. A poesia é de Cecília Meireles - "aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira".
Começamos a "Profissão de Fé" na poesia de Ozias Filho. "A seguir, a história do Pastor", de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, leva-nos a conhecer o homem que, enquanto abria cervejas e fritava amêndoas, falava de nostalgia. Lourença Baldaque, neta de Agustina Bessa-Luís, conta como a avó a inspirou. Apesar de não ser possível dissociá-la do nome de uma das mais importantes romancistas portuguesas, Lourença afirma-se hoje como escritora em nome próprio. Desafiados pelo ator e diretor artístico do Teatro Meridional, Miguel Seabra, percorremos as ruas da Mouraria, em Lisboa, enquanto descobrimos a personagem da sua vida. Acabamos metralhados pela "arma absoluta" desta personagem de "alma grande": o sorriso. Com a poesia de Adélia Prado, voltamos à infância e perguntamos se a vida que passou foi real ou inventada. Tempo então para "saborear" o pudim flan feito pela Flanzine. João Pedro Azul e Luís Olival provam ter mão para o segredo desta receita de uma carismática fanzine. Da lista de ingredientes, contam-se vários autores e ilustradores. Despedimo-nos com um "sumo de lua e de laranja", de David Mourão Ferreira, e excertos de "As minhas lembranças observam-me", do escritor sueco Tomas Transtromer.
Começamos com um pedido de casamento na voz de Pedro Lamares e Filipa Leal para conhecer o momento - "Quando Diego Rivera voltou a pedir Frida Kahlo em casamento" - na escrita de Nicolau Santos. E, guiados pelo amor, recuamos até ao século XIX para recuperar o romance de August Strindberg, "Menina Júlia", através do olhar contemporâneo do encenador Daniel Gorjão. Seguimos o tom de confissão, agora com Pablo Neruda - "Começarei por dizer, sobre os dias e anos da minha infância, que a minha única personagem inesquecível foi a chuva". Em reportagem, os protagonistas são russos. Primeiro, com a biografia de uma mulher que se tornou a mais célebre desertora da Guerra Fria, Svetlana Alliluyeva, filha de Estaline. Depois, o testemunho avassalador de Alexander Soljenítsin sobre o "Arquipélago Gulag". Respiramos pela poesia portuguesa com Alberto Caeiro e Eduardo Valente da Fonseca para logo a seguir conhecer a "Personagem da Vida" de um jovem advogado com sentido de missão. A fechar, muitas rosas que se juntam aos "Restos de Carnaval, 1968", de Clarice Lispector.
Pedro Lamares sugere-nos os primeiros versos a falar das cidades e dos homens que as despovoam. Entramos, assim, na poesia de Sebastião Alba, o inconformado que via a sociedade "toda errada". Depois de mais versos do "poeta vagabundo", seguimos em reportagem para Braga. É lá que, à conversa com dois conhecedores da obra e da vida de Sebastião, arriscamos a percorrer as ruas ao mesmo tempo que recordamos os caminhos escolhidos pelo poeta. Segue-se outro poeta, Dinu Flamand, romeno que fala a nossa língua e encontra aqui um português que trata como irmão, António Lobo Antunes. A literatura uniu-os em torno dessa grande questão que é a Liberdade. Tempo ainda para conhecer a escolha de uma empresária de produtos biológicos no espaço "A Personagem da Minha Vida". A fechar, voltamos à margem, desta vez com Luiz Pacheco - "sou um tipo livre, intensamente livre, livre até ser libertino".
Pedro Lamares apresenta a 100ª emissão deste programa de Literatura. Uma sucata a servir de cenário e as palavras de José Saramago na introdução ao assunto. Escolhemos o lixo e começamos pelo "Bicho" de Manuel Bandeira - "Vi ontem um bicho / Na imundície do pátio / Quando achava alguma coisa". Em reportagem, vamos ao encontro de um pai e um filho que partilham o fascínio pelo dizer palavras: Napoleão Mira e Sam The Kid num momento exclusivo para o "Literatura Aqui". Seguimos para "A Pulga" de John Donne, nela "dois sangues se misturam". Pelo meio, tempo ainda para versos de Pedro Mexia e Cláudia Lucas Chéu. Em conversa com o criador Alexandre Pieroni Calado, conhecemos a proposta de um "auto-teatro" a partir de um texto de Peter Handke. A fechar, um irresístivel diálogo, da autoria de Luís Fernando Veríssimo, nas vozes de Filipa Leal e Pedro Lamares.
Arrancamos com Pedro Lamares e com as palavras de Vladimir Nabokov. Elas mergulham de cabeça no tema da moralidade: "Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma." Seguimos por um rio de palavras ao encontro de Pedro Guedes Branco. Recebe-nos em tertúlia de guitarra na mão e palavra solta. Logo depois, as palavras são da açoreana Renata Correia Botelho com o poema: "La Confession". Chegamos, de seguida, ao "Largo" da Beatriz Hierro Lopes, lido por Filipa Leal: "No largo estende-se a vida de quem por lá ainda mora". Em reportagem, viajamos até Coimbra para conversar com Miguel de Carvalho: o livreiro alfarrabista que é também um "operário do papel". Encerramos com "Luz Antiga" do irlandês John Banville, uma história contada na primeira pessoa: "Billy Gray era o meu melhor amigo e eu perdi-me de amores pela mãe dele."
Pedro Lamares sugere, nesta emissão, uma breve passagem pelo significado da palavra "Musa". Da Grécia Antiga aos dias de hoje, musas inspiram nas mais variadas expressões artísticas. O cenário está criado para os versos de José Miguel Silva sobre uma musa "furtiva, insolente, caprichosa". Na história da Literatura encontramos musas, mas também falsos mitos que embelezam relações conhecidas. É o caso de Ezra Pound e Hilda Doolittle. Depois da reportagem, Filipa Leal e Pedro Lamares lêem escritos de Hilda e Ezra. Segue-se teatro: a companhia O Bando leva a palco o Inferno da Divina Comédia de Dante Alighieri. Logo a seguir, recordamos Paulo Varela Gomes e os contos reunidos n´ A Guerra de Samuel. A fechar, damos as mãos à poesia de Lauren Mendinueta e Edgar Allan Poe.
Ninguém consegue escapar-lhe e muitos, procuram-na, a solidão. No Literatura Aqui desta semana, Pedro Lamares sugere-nos que olhemos para o "poema de um funcionário cansado" cuja "alma não dança com os números". Na voz de Filipa Leal, encontramos "a manhã com as suas proibições" e as palavras de Rui Pires Cabral. Entre as palavras cruzadas da literatura e do teatro, entramos em cena para questionar a forma das palavras que pisam os palcos. Ouvimos a voz de escravos, pela mão de Arlindo Caldeira, que conta destinos e explica a saga da escravidão vivida por gente de carne e osso. Perante a certeza do fim, as palavras de Rosalina Marshall contrastam com a intensidade de "uma paixão no deserto" de Honoré de Balzac, onde as "areias pardacentas" que se estendem ao infinito.
Pedro Lamares começa este programa com exemplos da relação de alguns autores com a vergonha. Segue-se a voz de Filipa Leal com palavras de Patti Smith - "A vergonha é um êxtase que ninguém pode possuir". Em reportagem, recordamos o humor e o sarcasmo de Mário-Henrique Leiria, numa análise de Tania Martuscelli. Depois, conduzidos pela voz de Pedro Lamares, acompanhamos O Último Voo do Flamingo, de Mia Couto: "Ela então inventou a estória do flamingo. Disse que era uma lenda, lá nas suas origens. Mas era mentira. Ela mesma inventara, só para acalmar meus fantasmas." E por falar em mentiras e invenções, eis que chegamos à Peregrinação. Fernão Mendes Pinto, tantas vezes acusado de ser mentiroso, é agora revisitado pelo cineasta português João Botelho. Ainda em registo de reportagem ouvimos Joana Gorjão Henriques falar sobre racismo. Terminamos em "linha reta" com Álvaro de Campos: "Nunca conheci quem tivesse levado porrada".
Duas barcas, o Diabo, um Anjo e um rol de personagens marcadas que se apresentam para o julgamento final. Gil Vicente e o Auto da Barca do Inferno acompanham-nos desde tenra idade e, neste programa, servem de justa introdução ao tema. Inferno e Paraíso, começando pel´ "A Porta" de Rui Caeiro e seguindo com a "Banha da Cobra" de Regina Guimarães - "Havia um fiscal no paraíso". Em reportagem, vamos até Freixo de Espada à Cinta para um passeio com dois escritores ibéricos. Mário Cláudio e Victorino Pérez Prieto falam-nos de outra relação de dois homens que marcaram o seu tempo: Guerra Junqueiro e Miguel de Unamuno. Seguimos (literalmente) viagem, pela poesia, em direção a Ítaca. Na rubrica "A personagem da Minha Vida", Luís Cangueiro dá-nos música e um herói que não se esquece. Depois de um périplo pelas "Livrarias" de Jorge Carrión, fechamos com Dante Alighieri. Com um excerto d´"A Divina Comédia", lido por Filipa Leal e Pedro Lamares, arriscamos a entrar num inferno que não é coisa bonita de se ver nem aconselhável a pessoas sensíveis.
Pedro Lamares está num Cabaret. Começa por recordar algumas das histórias de traição mais célebres da Literatura. Ao longo dos séculos, a traição feminina tem sido referida como causa de grandes conflitos. Segue-se a voz de Filipa Leal com um excerto de Anna Karénina. Em reportagem, tratamos de conflitos de outra ordem com o testemunho de José Eduardo Agualusa, que acaba de vencer o International Dublin Literary Award. A poesia chega-nos no feminino - Senhora Vermeer e Senhora Diego Rivera, de Ana Paula Inácio. Tempo ainda para Alexandre O"Neill, Ovídio e, a fechar, uma passagem do romance de João Felgar, Síndrome de Antuérpia, ao mesmo tempo que percorremos as ruas duma aldeia perdida no tempo. Despedimo-nos assim. O Literatura Aqui vai de férias. Regressamos em setembro.