No começo do ano, durante uma viagem de férias, eu descobri que eu amo coentro. Quero dizer, eu passei a vida inteira amando coentro, mas sem saber que o nome daquilo que eu gostava era, de fato, coentro. Fato é que eu voltei da viagem e passei a comprar coentro em quase toda minha ida ao hortifruti. E isso que poderia ser só uma experiência gastronômica, acabou virando muito mais do que isso, porque me lembrou que nomear as coisas não muda as coisas, mas muda o jeito que a gente pode se aproximar ou se afastar das coisas. Enquanto eu não sabia o nome daquilo que eu gostava, eu não podia comprar aquilo. Ou pedir aquilo. Ou me aproximar daquilo. Ou falar: "coloca mais". O contrário também vale, também é verdadeiro, quantos pratos a gente joga fora ou quantas experiências que poderiam ser boas se tornam ruins porque a gente não sabe o nome do que incomoda, do que faz mal? Nomear é importante não para definir, mas para libertar.