Esses dias, depois de viver uma situação em que eu topei a vulnerabilidade de peito aberto, meu inconsciente trouxe a imagem do sofá branco que tinha lá em casa. Por anos ele foi um sonho da minha mãe. Daqueles que ela ficava olhando nas revistas de móvel, enquanto juntava dinheiro pra um dia, quem sabe, ter um igual. Um dia esse grande dia chegou. Ela conseguiu entrar na loja e trazer o sofá branco para casa. Mas assim que ela segurou a porta pro montador colocar ele no meio da sala, o medo de manchar, de estragar, de perder o sofá sentou ali, com a gente, junto. Ao realizar o sonho, ao se abrir para aquela felicidade, ela também se abriu para a vida do jeito que ela é - um tanto incontrolável. E topou isso, porque minha mãe era dessas. Mas passados anos dessa memória, fiquei pensando nesse cruzamento de informações e imagens - de sofá e vulnerabilidade - que o meu inconsciente estava trazendo ao passo que eu pensava se tinha valido a pena, mesmo, assumir meu peito aberto naquele dia.