Esses dias, cheguei do mercado e fui guardar a água sanitária no armário. Na hora de sentar no sofá, eu vi que tinha uma mancha enorme na minha calça preferida. Tinha pingado a água sanitária ali, quando eu guardei o frasco. Entre a raiva e a aceitação, fiquei pensando em todas as roupas que eu gostaria de ter manchado no lugar daquela. Ao mesmo tempo, me dei conta de que não tinha como, porque era aquela a minha calça preferida, era aquela a calça que eu mais usava, era ela que tava sempre comigo. Portanto, mesmo tomando todos os cuidados, eu infelizmente falharia com ela, mais do que com qualquer outra roupa que eu usasse eventualmente. É o paradoxo das coisas preferidas. São as que a gente tem mais afeto, as que a gente mais se sente à vontade, mas também são as que a gente mais assume o risco de falhar e que geram mais angústia pelo risco de perder.