A gente vem de uma construção e de uma narrativa histórica que vende o amor e as relações como um encontro entre duas almas que se completam. E aí dentro dessa narrativa não existe solitude, não existe eu casal e eu sozinha, você casal e você sozinho, porque tudo o que eu preciso eu encontro em você, e tudo que você precisa você encontra em mim. E aí acho que o amor começa quando a gente sai dessa idealização. Sai dessa ideia irreal de completude. E vê o outro. E vê a gente. E vê o encontro como aquilo que é suficientemente bom, apesar do que falta. Porque vai faltar. Me parece que é só saindo da lógica da completude que dá pra pensar no amor, no encontro e na solitude assim - junto. E, portanto, a gente também.