Parece romântica a narrativa. A pessoa leva vários nãos, mas no fim do sexto capítulo ganha um beijo e uma declaração de amor que faz a gente suspirar tranquilo na sala do cinema – ou de casa – e acreditar que se a gente aguentar só mais um pouquinho, o final feliz também vai bater à nossa porta. Como se o amor fosse o fim de uma trajetória de sacrifícios, uma medalha pela resistência alcançada, um prêmio pelas abdicações concedidas. Como se o amor precisasse ser suado para ser merecido. Como se o amor fosse uma luta, uma prova de força, uma trilha de obstáculos, um cabo de guerra, uma batalha com nocaute e não uma parada que é boa. Não sei se teve mais alguém que se incomodou com aquilo, mas eu fiquei com vontade de escrever para o autor que não tem final feliz, quando a gente não está feliz. Se o preço do amor é a dor, acredite: não é amor.