A autocobrança é a voz que grita no meu peito toda vez que eu não cumpro com um ideal. Às vezes ela grita quando eu falho, às vezes quando eu não consigo dar cem por cento, às vezes quando eu me recuso a fazer coisas que a maioria faz, mas que não me preenche, às vezes quando eu não consigo ter o controle de determinada situação, às vezes - e principalmente agora - quando eu descanso. A autocobrança é a voz que não me deixa respirar tranquila. Quando eu deito na minha cama para ver uma série boba, cujo único objetivo é relaxar, o ela diz que eu não me exercitei, que eu não lavei a louça, que eu não fiz as aulas de graça de francês. Para desapertar, eu levanto da cama, deixo a série no meio e faço qualquer coisa - de lavar a louça a costurar aquela blusa que eu só vou usar de novo na próxima encarnação. O importante é fazer alguma coisa, porque a voz da autocobrança não aceita descansos, nem pausas, nem falhas, nem ócio, nem vazio. A autocobrança não pode me ver parar. A autocobrança é