O apego não é um botão que a gente desliga. O apego é mais parecido com um molho de chaves que perdeu a utilidade. As chaves não abrem novas portas, mas a gente ainda segura. E segura porque foram essas chaves que nos deram acesso às casas antigas e, a gente sabe, de algum modo, que se desfazer dessas chaves é aceitar o fim. Acontece que segurar coisas que não servem mais, pesa. Machuca. Exige. E o pior: paralisa a nossa vida. Ocupa espaço. Para desapegar, a gente precisa soltar as chaves, uma por uma, várias vezes, todos os dias. Mas para soltar as chaves, muitas vezes, a gente precisa reconhecer, antes, o que essas portas significavam para gente. E aí, só aí, nos dar a chance de descobrir um novo jeito de seguir. Foi isso que eu precisei fazer aquele dia.