O executivo liderado por Luís Montenegro apresentou e aprovou o programa de governo no parlamento. Revogar várias medidas inscritas pelo governo socialista no pacote Mais Habitação, pôr fim ao congelamento de rendas, criar um programa de apoio à compra da primeira casa pelos jovens e a descida do IVA na construção e reabilitação, são algumas das medidas com as quais o Governo pretende responder à crise na habitação. No primeiro episódio, o economista João Duque analisa as principais medidas inscritas no programa de governo para a área da habitação.
"Quando a oferta é pequena, entrega-se aos proprietários o poder de definir os preços". Há 34 famílias interessadas por cada casa para arrendar. Os anúncios publicados no Idealista receberam em média 34 contactos no primeiro trimestre do ano. O portal imobiliário refere no entanto uma descida de 33% do número de contactos. Neste episódio, analisamos o mercado de arrendamento com o diretor da Confidencial Imobiliário.
"Muitas das poupanças e ajudas já terminaram, e muitas famílias já estão a entrar numa situação de sufoco, porque não veem as prestações a começar a baixar". A Associação de Defesa do Consumidor alerta para as dificuldades cada vez maiores das famílias portuguesas em pagar os créditos à habitação. Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Proteção Financeira, sublinha que há também receio de pedir aos bancos a renegociação dos contratos pela informação que fica na Central de Responsabilidade de Crédito.
"O Simplex de janeiro de 2024 veio transformar completamente a forma como encarávamos o processo de licenciamento em Portugal". Os desafios da arquitetura são um dos principais temas em debate na edição deste ano do Salão Imobiliário de Lisboa. A arquiteta Mariana Morgado Pedroso, diretora do projeto Architecht Your Home Portugal e Reino Unido, fala sobre os desafios na adaptação à nova legislação do chamado Simplex urbanístico. Neste episódio, falamos sobre o impacto das medidas que já estão em vigor e tentamos perceber quais os principais desafios para a arquitetura na adaptação ao novo quadro geral.
"Tivemos alguém com responsabilidade política que dizia que toda a gente tem direito a viver nas zonas mais caras da cidade, mas temos de ter noção que não podemos viver todos no mesmo sítio." O tema da habitação esteve em debate no parlamento, com as propostas do Iniciativa Liberal para revogar o pacote Mais Habitação do anterior governo. A economista Vera Gouveia Barros diz que o diagnóstico para o problema continua por fazer e alerta para as situações de carência habitacional. A proposta do PS para alargar a dedução de despesas com habitação em sede de IRS foi a única aprovada, com o apoio da esquerda e do Chega, no debate pedido pelo Iniciativa Liberal. Os liberais levaram várias propostas (nomeadamente a revogação de várias medidas do pacote "Mais Habitação") que não foram aprovadas.
"A minha geração pagou a crise de 2008, pagou a crise de 2011 e agora é quem paga a crise da Habitação. Quando é que deixo de pagar e começo a receber?" Pedro Brinca analisa as principais medidas anunciadas pelo governo para a habitação. O economista avisa: "É um programa que vai ser mais eficaz a estimular a procura do que a oferta, o que pode trazer, uma vez mais, problemas ao nível dos preços." O Governo apresentou a estratégia para resolver a crise na habitação, com 30 medidas para fazer face à escalada dos preços, subida das taxas de juro e falta de oferta. Com o programa "Construir Portugal", o ministro das Infraestruturas espera restabelecer a confiança dos portugueses. Será mesmo assim?
"A maior parte das casas alocadas ao AL não tem condições para albergar uma família." Carla Costa Reis, CEO da Turisma, empresa gestora na área do Alojamento Local, sublinha que as medidas restritivas do Mais Habitação ao AL não tiveram o efeito pretendido de colocar casas no arrendamento de longa duração. Refere ainda que os empresários estão cautelosos com o anúncio do governo da AD, que prometeu a revogação de algumas medidas do anterior executivo. Na estratégia do ministro das Infraestruturas e habitação, está o fim do imposto extraordinário para o Alojamento Local e os municípios recuperam a autonomia para decidir as novas licenças. O setor fala em medidas positivas mas aguarda com algum ceticismo a concretização das medidas.
"O silêncio e a qualidade do ar da Comporta faz parte daquilo que para mim é o luxo do século XXI". A zona, no concelho de Alcácer do Sal, está cada vez mais na mira dos investidores. O maior promotor na região é agora a Vanguard Properties, com projetos que totalizam cerca de 3 mil milhões de euros. José Cardoso Botelho desvenda o ambicioso plano de investimento. Na edição desta semana, o Expresso traça o retrato de uma nova Comporta a crescer entre Tróia e Melides e revela uma nova elite de investidores, nacionais e estrangeiros, interessados em investir na zona. O principal promotor é agora a Vanguard Properties, do empresário Claude Berda, que detém a grande maioria das propriedades turísticas que pertenciam ao antigo Grupo Espírito Santo.
"A geração que agora tem 35-40 anos e um empréstimo para casa já teve pelo menos um susto, os que têm 45-50 tiveram dois." É uma notícia há muito aguardada pelas famílias portuguesas com crédito à habitação com taxa variável. O Banco Central Europeu anunciou uma descida das taxas de juro. É a primeira descida das taxas de referência em cinco anos e surge depois de um ciclo de subidas que durava desde o verão de 2022. A presidente do BCE anunciou um corte de 25 pontos base, que vai refletir-se nos empréstimos para a compra de casa. Analisamos o impacto da decisão, com o economista António Nogueira Leite.
Ricardo Fernandes, empresário e especialista em fiscalidade, analisa os novos números do setor da construção e sublinha que o maior desafio do Governo em matéria de IVA é "refletir a descida de 17% do IVA [da construção, passando dos atuais 23% para 6%], diretamente no consumidor". No primeiro trimestre de 2024, foram concluídas mais de 5600 casas para habitação das famílias, uma subida de 9,5% face ao mesmo período de 2023. Será suficiente para a falta de oferta? Estará o setor preparado para construir mais? Ou estarão apenas à espera da baixa do IVA?
Um estudo da consultora JLL revela que a capital portuguesa é a oitava cidade europeia mais atrativa para os investidores. A responsável pela área de research e consultoria estratégica da JLL explica os fatores que fazem de Lisboa um dos mercados com maior potencial de crescimento. Joana Fonseca explica que Lisboa é uma cidade emergente, com grande capacidade de atratividade para os estudantes estrangeiros aponta os baixos níveis de oferta e chegada de cada vez mais estudantes estrangeiros como os principais fatores que fazem de Lisboa um mercado tão atrativo.
"Quando olhamos para os gráficos da procura de estrangeiros, vemos uma queda de chineses que era muito mais sensível aos Golden Visa e vemos um aumento dos americanos". O ano arrancou com menos casas vendidas, mas mais caras. O INE revela que a queda que foi maior nos compradores estrangeiros: uma descida de 20% no arranque do ano, em comparação com o trimestre anterior. Estará esta descida relacionada com o fim de benefícios fiscais como as alterações ao regime para Residentes Não Habituais e o fim dos chamados Vistos Gold? O CEO da consultora CBRE Portugal, sublinha que parte da procura estrangeira é imune a regimes fiscais e dá como exemplo os norte-americanos, cada vez mais interessados em Portugal para viver. Francisco Horta e Costa diz também que uma descida dos preços das casas não está no horizonte.
O Presidente da República já promulgou as medidas para os jovens (quer a isenção de IMT, quer a garantia pública para o crédito à habitação) e estas deverão entrar em vigor no primeiro dia de agosto. Carlos Santos, CEO da Zome, analisa estas medidas e o seu impacto nos jovens e no mercado. Numa tentativa de fixar os jovens a Portugal, o Governo apresentou um conjunto de medidas, entre elas algumas que ajudassem os jovens até aos 35 a ter a sua própria casa, como a isenção de IMT e a garantia pública no crédito à habitação. Mas estas medidas vão mesmo beneficiar os jovens? E o que acontece ao mercado, numa altura em que a procura aumenta?
"Estamos a produzir Rolls-Royce's para vender a pessoas que querem um carro mas não podem comprar viaturas desse preço. Não temos o low cost na construção". O INE confirmou uma vez mais a tendência: construir casas novas continua a ser cada vez mais caro. Os custos de construção aumentaram 3,4% em maio, face ao mesmo período do ano passado. Fernando Santo, especialista na área da Habitação, e Manuel Reis Campos, presidente da AICCOPN analisam os números. No início da legislatura, o Governo prometeu baixar o IVA da construção nova dos atuais 23% para os 6%, mas a proposta não foi calendarizada e o Ministro das Finanças admitiu mesmo esta semana que é uma medida difícil de colocar na prática. Será que a descida vai mesmo avançar?
Com os preços a manterem a trajetória de subida, os especialistas repetem os alertas: o principal problema é a escassez de oferta. Há já formas de construção que pretendem responder a esta necessidade, nomeadamente as casas feitas com novos materiais como o aço e a madeira. Adriano Nogueira Pinto, coordenador nacional da rede DS Private, fala sobre os novos modelos de construção. Para resolver a atual crise de habitação, Portugal precisa de aumentar a capacidade construtiva, dizem os especialistas. Mas, segundo o INE, o número de edifícios licenciados para construção nova diminuiu 9,4% no ano passado. As novas tecnologias e sistemas de construção podem ser uma resposta. Adriano Nogueira Pinto enumera as vantagens e benefícios de novos materiais, como a madeira, para a construção de habitações.
"O Simplex foi um bom princípio, mas foi feito de forma atabalhoada e de costas voltadas com os players do mercado". O ministro das Infraestruturas e Habitação remete para agosto mexidas no simplex urbanístico e para setembro, medidas no ajuste da Lei dos Solos. Ouvido no parlamento, Miguel Pinto Luz reconheceu que não cumpriu os prazos previstos, mas promete novidades ainda durante o verão. Bento Aires, presidente da Ordem dos Engenheiros - Região Norte, diz aguardar com expectativa as alterações do Governo. Também na execução do programa do PRR para a habitação há atrasos. O primeiro-ministro assinou esta semana acordos com 18 municípios para acelerar os projetos e deixou garantias de duplicar o número de casas previstas do plano.
O sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter, que abalou várias regiões do país na última semana de agosto, não provocou danos, mas fez ressurgir o debate sobre a qualidade dos edifícios em Portugal. Fernando Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, e Miguel Roque, Diretor Técnico da VICTORIA Seguros falam da proteção antissísmica dos edifícios em Portugal.
As rendas das casas podem aumentar até 2,16% em 2025, se os proprietários assim desejarem, um valor bastante inferior aos 6,9% deste ano. Este valor trata-se da atualização anual das rendas ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano e aplica-se não só a imóveis residenciais. O proprietário pode decidir não o fazer ou escolher qualquer mês do ano (e não apenas janeiro) para fazer a atualização anual da renda, desde que avise o inquilino com pelo menos 30 dias de antecedência.
O Governo prometeu duplicar a oferta de habitação face ao previsto pelo anterior executivo. O presidente da APEMIP, associação que representa os mediadores imobiliários, sublinha que o Governo terá de superar vários desafios para concretizar a promessa. De 26 mil novas casas previstas no PRR passarão a ser 59 mil, construídas nos próximos 5 anos. Um investimento de €4,2 mil milhões: €1,4 mil milhões financiados pelo PRR, e mais €2,8 mil milhões que virão diretamente do Orçamento do Estado.
"Acho que a questão não é termos hotéis a mais: o desafio é utilizar o turismo em benefício das comunidades". Num ano em que a aposta em imobiliário comercial foi afetada pelo contexto de inflação e subida dos juros, a hotelaria acabou por ser um segmento de refúgio, No âmbito do Dia Mundial do Turismo, medimos o pulso ao setor com Gonçalo Garcia, responsável pelo investimento em hotelaria da consultora Cushman & Wakefield. A hotelaria continua a ser o setor mais procurado para investimento em Portugal. Segundo os dados da consultora, representou 37% do capital alocado no imobiliário comercial em 2023. A maioria dos investidores são estrangeiros.
"Na prática estamos a empurrar os jovens para uma situação em que vão ter de trabalhar para pagar aos bancos. E vamos continuar nesta sina de sobrar muito pouco para aquilo que é realmente importante". O Governo já aprovou as condições da garantia do Estado para os jovens comprarem casa com financiamento bancário a 100%. A regulamentação entrou em vigor a 28 de setembro e dá aos bancos 30 dias para aderirem ao programa. O jornalista Pedro Andersson, autor do programa Contas Poupança, faz as contas e explica como vai funcionar esta ajuda.
"As medidas para os jovens são paliativos, em meia dúzia poderá funcionar, mas receio que não seja para a maioria e que, pela concorrência que têm, continuam a ficar para trás." Na semana de entrega da proposta do Orçamento do Estado, analisamos as medidas na área da habitação, dirigidas sobretudo aos jovens. A economista e investigadora na área da habitação Vera Gouveia Barros comenta a isenção do IMT e do Imposto de Selo para os jovens até aos 35 anos.
"O problema da habitação não se resolve com medidas voluntaristas da parte dos Estados e das Câmaras Municipais". O Ministro da Habitação prometeu avançar com incentivos para o setor da construção para conseguir cumprir o objetivo de construir 59 mil casas até 2030. Miguel Pinto Luz diz que as medidas estão a ser negociadas com o setor e promete anunciá-las em breve. O jornalista José Gomes Ferreira comenta a crise da habitação. A descida do IVA para os 6%, uma das medidas mais reivindicadas pelas construtoras, não tem ainda data para avançar, embora na proposta de Orçamento conste uma autorização legislativa para permitir a descida. O jornalista da SIC refere uma medida paliativa que não resolve o problema de fundo, de falta de terrenos disponíveis.
O Governo não vai descongelar as rendas, mas sim manter a compensação que já existe aos senhorios. Pedro Ventura, Diana Ralha, diretora da Associação Lisbonense de Proprietários, deixa a sua análise às políticas dos últimos anos. Depois do mal-entendido com o possível descongelamento das rendas, o Governo disse que queria compensar os senhorios e criar "justiça" no mercado. O que está em causa é a operacionalização do mecanismo de compensação já em vigor e a continuação do mesmo pelo menos em 2025. Diana Ralha, diretora da Associação Lisbonense de Proprietários, mostrou-se descontente com a solução criada pelo Executivo, relembrando que nas conversas prévias foi "prometido" o descongelamento das rendas.
"Revogar medidas para deixar o mercado funcionar traz sempre equilíbrios a favor das pessoas". Entram em vigor neste mês de novembro as novas regras para o Alojamento Local, que revogam algumas das alterações implementadas pelo programa Mais Habitação. Ouvimos a análise do presidente executivo da ERA Portugal, que fala também sobre o aumento da procura de casa por parte dos jovens. Segundo o novo regime para o AL, as licenças deixam de ter um prazo de validade de 5 anos e passam a ser transmissíveis. A aprovação dos novos registos deixa de estar nas mãos dos condomínios e os municípios passam também a ter maior poder para regulamentar a atividade. As regras já estão em vigor.
"O Governo tem medo. A partir do momento que baixar o IVA para 6%, vai ter ali umas promotoras em Cascais que vão poupar milhões. Para não beneficiar 3 ou 4 promotoras, temos o resto do mercado todo parado". A habitação está a tornar-se cada vez menos acessível às famílias portuguesas, sobretudo às mais vulneráveis. Um estudo da OCDE revela que Portugal regista um dos agravamentos mais expressivos. O economista aponta o dedo à falta de oferta e de incentivos à construção. Portugal foi, desde 2020, o quarto país do grupo com maior aumento na sobrecarga de custos com habitação, ficando atrás apenas da Hungria, Chile e Lituânia. Uma realidade que não surpreende Pedro Brinca, que considera que faltam medidas de incentivo à construção.
"O Alojamento Local é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de Cascais. Representa cerca de 30 milhões de euros". Com o novo regime do Alojamento Local em vigor, o governo devolveu às autarquias o poder para suspender, ou não, as novas licenças e muitos municípios estão a optar por um travão à atividade. Mas a Câmara Municipal de Cascais vai continuar a permitir os novos registos. Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da autarquia, explica porquê e fala da estratégia para resolver o problema da habitação no concelho.
"Teremos provavelmente uma nova vaga" de americanos a vir para Portugal com vitória de Trump, diz o CEO. Donald Trump venceu as eleições nos Estados Unidos e, por isso, espera-se que vários norte-americanos escolham Portugal como a sua morada para os próximos quatro anos. Alfredo Valente, CEO da imobiliária iad, analisa o tema. Depois da vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, os termos "Portugal Property" e "Portugal Golden Visa" estão a registar o maior número de pesquisas nesse país dos últimos 5 anos, segundo a consultora Athena Advisers, que analisou dados do Google. Alfredo Valente reconhece que, provavelmente, estamos perante uma nova 'vaga' de norte-americanos a imigrar para Portugal, mas considera que não terá um grande impacto no nosso mercado de habitação.
"Os pedidos de licenças para a conversão de imóveis comerciais em habitação cresceram 48% em 2023". A conversão de uso de espaços como lojas ou escritórios é uma tendência que está a ganhar cada vez mais força em Portugal. Poderá estar nesta solução uma forma de garantir mais oferta no mercado e com isso melhorar o acesso à habitação? A Vice-presidente da APEMIP e responsável pela área residencial da Dils Portugal explica as vantagens e analisa o impacto no mercado.
"O pior cliente é o Estado. Quando os projetos são contratualizados a preços muito baixos, a qualidade baixa". O parlamento chumbou o mecanismo que permitia a descida no IVA da construção para os 6%. O recuo de uma das medidas mais reivindicadas pelo setor, mereceu muitas críticas dos vários intervenientes. A Ordem dos Arquitetos diz que seria um instrumento importante de combate à evasão fiscal. Em relação aos preços, Avelino Oliveira diz que os valores dos projetos de arquitetura em Portugal já são muito baixos, em comparação com os restantes países europeus, o que pode afetar a qualidade.
"Se deixarmos o processo ao sabor dos privados pode haver espaço para especulação", diz vice-presidente da Câmara de Alenquer. A alteração à lei dos solos aprovada pelo governo que permite aos municípios utilizar terrenos rústicos para construção de habitação, está a dividir os autarcas. O vice presidente da Câmara de Alenquer, Tiago Pedro, sublinha o potencial da medida para atenuar o problema da habitação, mas deixa alertas. O governo anunciou a flexibilização da lei do uso dos solos, para que os municípios possam converter terrenos classificados como rústicos, em habitação. Os concelhos do interior do país têm reservas e lançam críticas a medida. Já os municípios mais próximos das grandes cidades, veem a proposta com bons olhos.
"Um crédito habitação dura em média 30 anos e durante esse período acontece muita coisa. Para as famílias se poderem adaptar, é uma altura para aproveitar esta folga financeira." Depois de mais um corte nas taxas de juro anunciado pelo Banco Central Europeu, os empréstimos que estejam indexados à Euribor a 6 e a 12 meses deverão ter uma diminuição mensal. Foi o quarto corte do ano nas taxas de juros e antevê-se que o BCE continue a mesma política no próximo ano. Analisamos o impacto na prestação da casa. A prestação da casa pode baixar entre 5 e 19€ em janeiro. As descidas adicionais que os mercados projetam para o próximo ano poderão fazer a Euribor recuar para um patamar próximo dos 2%.
"Os preços vão continuar a crescer, mas menos. No caso de Lisboa, no terceiro trimestre de 2024, o preço de venda por casa chegou ao máximo histórico de 372 mil euros. Cresceu, mas apenas 3% em termos homólogos". Está lançada mais uma temporada do Chave na Mão, o podcast do Expresso dedicado ao setor imobiliário. Neste episódio de regresso, o primeiro de 2025, medimos o pulso ao mercado e o que esperar para o setor ao longo deste ano, com a análise do Diretor-Geral da CBRE Portugal. O ano passado terminou com valores recorde, quer em termos do número de transações, quer em termos do valor de venda. Francisco Horta e Costa sublinha que os números indicam que os vários segmentos (comercial, retalho e residencial) terão um comportamento bastante positivo em 2025.
"É uma solução que permite a multiplicação de valor. Abre efetivamente a porta à especulação". Foram aprovadas no parlamento as alterações à lei dos solos, como ficou conhecido o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). A mudança permite reclassificar solos rústicos em urbanos, para a construção de casas. A arquiteta Helena Roseta alerta para os riscos da lei, mas defende que fica mais equilibrada com as alterações aprovadas. O PSD apoiou na especialidade a maioria das propostas do PS. As alterações apresentadas pelo Chega e Bloco de Esquerda foram rejeitadas. O regime estará em vigor durante 4 anos. Helena Roseta critica a lei e critica o Presidente da República por ter promulgado um diploma sobre o qual veio depois a demonstrar reservas. A ex-deputada defende no entanto que as alterações agora aprovadas melhoram o diploma.
"Temos cada vez mais portugueses a investir no imobiliário de luxo e no mercado de gama alta." O segmento de luxo em Portugal continua a demonstrar resiliência e potencial de crescimento. É o que revela um estudo desenvolvido em parceria entre a NOVA School of Business & Economics e a Porta da Frente Christie's. Analisamos as principais conclusões com o CEO, João Cília. Com um impacto económico acima dos 5 mil milhões de euros no ano passado, o segmento residencial de gama alta tem registado uma procura crescente nos últimos anos. O investimento manteve-se alto, mas surgiram desafios estruturais como falta de mão-de-obra qualificada e a demora nos processos de licenciamento. Ainda assim, o setor mantém-se robusto, com previsões otimistas para os próximos anos.
"Fiquei impressionada com a percentagem de população que nos últimos 5 anos mudou mais do que 2 ou 3 vezes de casa". A maioria dos inquilinos que vivem na região da Grande Lisboa estão em sobrecarga financeira devido aos preços elevados das rendas. Um estudo realizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra revela que mais de 70% das pessoas que vivem numa casa arrendada estão com dificuldades em pagar em habitação. No Chave na Mão falamos sobre esta realidade com Rita Silva, investigadora do CES.
"Não podemos propor a pessoas para virem, e depois não terem casa e viverem em situações paupérrimas." Segundo os dados do INE, os custos de construção subiram 3,1% em janeiro, muito à boleia do preço da mão de obra, que disparou 6,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. A falta de profissionais é o principal desafio do setor, que depende cada vez mais da mão de obra estrangeira. A produção na construção está a aumentar, ao mesmo tempo que sobem os custos, sobretudo com a mão de obra (que é escassa), o que tem impacto direto no preço da habitação. Neste episódio, analisamos os desafios do setor, com Carlos Mineiro Aires, antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros.
"As casas são cada vez mais pequenas, as pessoas mudam mais, mas as arrumações continuam. As pessoas precisam de arrecadações." O self storage, ou armazenamento à medida, é um serviço de arrendamento que está a ganhar expressão no mercado nacional: são cada vez mais os novos investidores, nacionais e internacionais, atraídos pelas altas rentabilidades e flexibilidade do negócio. No Chave na Mão, falamos com Albano Costa Lobo, administrador da Control Space, uma empresa portuguesa que conta já com 30 mil m2 de área de armazenamento.
"As pessoas estarão muito mais interessadas no valor da transação, do que na simpatia do agente imobiliário". Há cada vez mais agentes imobiliários em Portugal. O número de profissionais duplicou na última década, numa altura em que o volume de negócios das atividades do setor atinge níveis recorde. Com uma oferta cada vez maior, explicamos a que devem estar atentas as pessoas que procuram ajuda para vender, comprar ou arrendar casa, com a opinião do Presidente da APEMIP.
"Temos T2 a pouco mais de 200 mil euros, consideravelmente mais baratos do que os restantes da zona". A promotora imobiliária VITZA lançou uma marca que pretende criar casas mais acessíveis. Oferece um novo conceito de habitação, assente na sustentabilidade e na redução e reutilização de equipamentos. O objetivo é baixar os custos de construção, com reflexo no preço final do imóvel. Conhecemos o projeto com o CEO, Fernando Vasco Costa. A marca CORE assenta no conceito de 'Essential living', que permite ao comprador decidir que equipamentos pretende ter em casa, ajustando assim o valor final de compra, ao mesmo tempo que garante a qualidade da construção. O primeiro projeto da marca já está em marcha em Leça da Palmeira, com mais de cem apartamentos com tipologias de T0 a T3.
"O 'Mais Habitação' não teve qualquer efeito. Não vemos nenhuma descida dos preços no arrendamento, nenhuma diminuição do preço da venda das casas, e Portugal continua a ter uma das maiores escaladas de preços da Europa". Um estudo da Nova SBE avisa que o controlo de rendas contribui para o aumento dos preços das casas em Portugal e para a diminuição da oferta, com prejuízo para as gerações futuras. Os investidores recomendam o fim progressivo das limitações às rendas, mas lembram que é preciso acautelar condições para um maior acesso à habitação, sobretudo para os mais jovens. O estudo no âmbito do projeto 'De Hoje para Amanhã: Avaliação de Políticas numa Perspectiva de Justiça Intergeracional', em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, analisa o programa Mais Habitação, que entrou em vigor em outubro de 2023. O economista Marlon Francisco, um dos autores do estudo, sublinha que as medidas não tiveram qualquer efeito e que Portugal continua a ter uma das maiores escaladas preços
O imobiliário continua a ser um dos investimentos preferidos dos portugueses para rentabilizar as suas poupanças, atraídos sobretudo pela rentabilidade, potencial de valorização e segurança. Neste episódio, falamos sobre possíveis estratégias para quem está a pensar começar a investir em imóveis, com o CEO da Reorganiza.
"Já se veem muitos portugueses, sobretudo do norte, a comprar no Algarve". Portugal assume cada vez maior destaque no setor das resistências de marca, ou branded residences como são conhecidas. Segundo o estudo da consultora Savills, será nos próximos 5 anos o país da Europa com o maior pipeline de unidades residenciais associadas a marcas de luxo. Neste episódio, falamos sobre esta nova tendência com Paula Sequeira, responsável da Savills.
"Os arquitetos têm estado um pouco alheados da decisão política na última década e isso talvez tenha ajudado a promover decisões erradas". Em altura de campanha eleitoral, a Ordem dos Arquitetos enviou um documento aos partidos políticos em que apresenta várias propostas para resolver problemas como a habitação, planeamento urbano, mobilidade e gestão do território. Temas que os arquitetos entendem serem incontornáveis na agenda política nacional. Neste episódio falamos sobre as propostas com Avelino Oliveira, Presidente da Ordem.
"Qualquer que seja o vencedor, merecia um entendimento entre os partidos para resolver o problema da habitação". Em altura de eleições antecipadas, o tema da habitação voltou a ganhar destaque na campanha eleitoral. Com o acesso cada vez mais difícil devido à subida dos preços das casas e a pressão sobre o mercado de arrendamento, todos os partidos apresentaram propostas para resolver o problema. Na semana em que os portugueses voltam a escolher um novo governo, olhamos para as principais medidas com a análise do economista João Duque.
"Os jovens veem na garantia pública uma mais valia e querem aproveitar mas depois não conseguem o imóvel". Num episódio especial, gravado ao vivo no Edifício Imprensa, no âmbito da conferência "Mortgage Innovation Summit - A próxima geração do Crédito Habitação", organizada pela Finsolutia em parceria com o Expresso, Tiago Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Intermediários de Crédito Autorizados, refere que há cada vez mais jovens a pedir empréstimo bancário para a compra de casa, aproveitando os apoios do governo. Num momento de transformação digital, os intermediários de crédito assumem um papel cada vez mais determinante. A maioria dos contratos de empréstimo bancário para a compra de casa em Portugal já é feita com intervenção de um intermediário. Falamos sobre os desafios e as vantagens da atividade com o presidente da ANICA.
"Claro que são os jovens com mais rendimento que têm capacidade de beneficiar da garantia pública". Os dados do Banco de Portugal revelam que apenas 9% do total de novos contratos são feitos com recurso à garantia pública, em vigor desde janeiro de 2025. O BdP revela ainda que a medida do governo está a ser utilizada sobretudo pelos jovens até 35 anos com rendimentos mais elevados. A Associação de Defesa do Consumidor sublinha que o financiamento do Estado para o crédito habitação deixa de fora muito jovens. Analisamos a medida com a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO.
"Incentivar o mercado imobiliário a construir mais vai correr mal. A experiência espanhola mostra-nos isso". O Governo de Espanha avançou com mais um conjunto de medidas para tentar atenuar o aumento das rendas, que disparou nos últimos meses. Barcelona é uma das cidades a sofrer os efeitos da subida dos preços da habitação e o município já avançou com restrições aos alojamentos turísticos. O arquiteto Tiago Mota Saraiva parte da realidade espanhola para uma análise da situação em Portugal.
"Sempre que se ouve falar em alterações legislativas, tetos de rendas, o mercado retrai e não conseguimos captar investimento". Um novo estudo da consultora imobiliária CBRE veio confirmar a elevada escassez de oferta de habitação em Portugal, o que tem contribuído para o aumento expressivo dos preços, que duplicaram na última década. Igor Borrego, diretor da área de mercados de capitais da CBRE Portugal, explica-nos a origem deste problema e sugere caminhos para o resolver.
"Há 65 mil pessoas a viver em casas municipais em Lisboa. Os nossos bairros são maiores do que muitas cidades do país". O programa de reabilitação Morar Melhor, lançado pela Câmara Municipal de Lisboa e executado pela Gebalis, completou dois anos. O projeto, com o objetivo de reabilitar vários bairros da capital, partiu de um investimento inicial de 40 milhões de euros. Neste episódio, fazemos o balanço o presidente da Gebalis. Para além da reabilitação do edificado, o projeto gerido pela Gebalis promove intervenções de cariz social para melhorar a convivência nos bairros municipais.
"Permitir à classe média aceder a habitação condigna, de acordo com os rendimentos, não é uma ideia radical de esquerda." O preço médio da habitação em Portugal subiu 16,3% no arranque do ano, e atingiu um novo máximo histórico. Neste episódio, analisamos as políticas públicas de habitação e os alertas de Bruxelas sobre os riscos da execução do PRR com o advogado e antigo ministro da Economia. Pedro Siza Vieira refere medidas como a garantia pública para apoiar os jovens na compra da primeira casa e defende que atuar do lado da procura, sem incentivar a oferta, resulta no aumento de preços. O ex ministro socialista fala ainda da importância de simplificar procedimentos para a execução dos projetos de habitação previstos no PRR, sobretudo dirigidos à classe média.
"As casas e as rendas vão continuar a subir, no mínimo, entre 10 a 20% ao ano. É absolutamente irreversível nos próximos 5 anos." Numa altura em que os portugueses vivem uma crise na habitação, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras defende a aposta na criação de mais habitação pública para dar resposta aos problemas no acesso a uma casa. Isaltino Morais avisa que os preços vão continuar a subir nos próximos 5 anos, uma vez que há poucos terrenos disponíveis para construir. Num episódio especial, gravado ao vivo na Imocionate, a terceira Convenção da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Isaltino Morais fala da aposta no município de Oeiras na construção de casas a preços controlados destinados à classe média e aponta o dedo ao poder político pela falta de resposta à crise da habitação, sobretudo com as restrições à construção impostas pela Lei dos Solos.
É uma quebra sem precedentes no arrendamento em Portugal: o número de novos contratos diminuiu mais de 10% na primeira metade do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Mas nem por isso houve uma desaceleração dos valores das rendas, pelo contrário: o valor médio disparou 10% no arranque do ano. Tentamos perceber o que explica esta realidade, com os representantes dos inquilinos e proprietários.
"As pessoas andaram a poupar durante a vida toda e de repente têm um ativo que valorizou imenso e que nunca foi visto como tal". Numa altura em que há cada vez mais idosos a viver com dificuldades em Portugal, há novas soluções no mercado destinadas à habitação sénior. É o caso do projeto Empathia, que propõe uma nova forma de olhar para os imóveis, tornando-os mais valiosos e colocados ao serviço de quem o comprou. Na prática, o modelo assenta na venda da habitação mas mantendo o usufruto vitalício do imóvel. Falamos com Pedro Almeida Cruz, fundador da empresa. Nascido em 2024, o modelo proposto pela Empathia pretende transformar património imóvel em qualidade de vida, segurança e liberdade, sem que os idosos tenham de sair das suas casas, ao mesmo tempo que conseguem uma rentabilidade extra. O projeto procura assim responder a uma necessidade do mercado imobiliário, transformando-o também numa plataforma para o desenvolvimento social.
O mais recente estudo de mercado da Engel & Volkers revela um aumento da procura por parte de estrangeiros no segmento de luxo. A imobiliária registou, no ano passado, um aumento de 14,5% nas transações face a 2023. Os mercados de Faro, Albufeira e Comporta continuam a ser os mais atrativos, mas há novas regiões a reveler uma nova dinâmica, como é o caso da Margem Sul. Percebemos porquê com as responsáveis da Engel & Volkers Portugal.