A cidade de São Paulo, principal metrópole brasileira com 12,2 milhões de habitantes, vive uma grave crise habitacional. Em um bairro chamado Liberdade, na parte central da metrópole, refugiados palestinos da Síria e brasileiros antes desabrigados dividem os 11 andares da Ocupação Leila Khaled. Neste local todos os residentes são refugiados, brasileiros e estrangeiros. A Ocupação é um espaço de convívio, amizade, esperança e respeito pelo próximo.
O futebol é a paixão dos brasileiros e também dos refugiados palestinos que vivem na ocupação Leila Khaled. Uma vez por semana, o time árabe se reúne para jogar contra os brasileiros. O convívio entre pessoas de culturas tão diferentes fez com que várias barreiras fossem superadas. Novas línguas, culturas e religiões foram incorporadas por árabes e brasileiros que compartilham um espaço de convivência comum. O ciclo migratório árabe em São Paulo se repete, como no início do século XX.
Os novos refugiados empreendem, comercializam, produzem e vendem alimentos de suas regiões de origem, aprendem português do Brasil, constroem relacionamentos com brasileiros, formam novas famílias. Aos poucos eles vão entrando no dia a dia do país. Os brasileiros que vivem na Ocupação buscam seu sustento nas mais variadas atividades - da costura feita no próprio prédio ao comércio de ouro no centro da cidade. Todos eles têm uma rotina de luta e superação.
Tanto refugiados quanto brasileiros buscam novas conquistas e reiniciam suas vidas todos os dias em São Paulo. Reconhecendo a necessidade de aprender português, uma coisa fica clara para os refugiados: a estada no Brasil pode ser muito longa. A integração é necessária e inevitável.
A vida na ocupação Leila Khaled é apresentada pelos olhos de três brasileiras - Silmara, Márcia e Fernanda - e também pelos olhos de uma refugiada palestina residente de origem síria: Antesaar, uma costureira que é matriarca da comunidade árabe da Ocupação . A travesti Fernanda vai se casar com o namorado Marcos e a Antesaar vai fazer seu vestido de noiva.
São apresentadas algumas atividades da Ocupação Leila Khaled, como a criação de uma moeda social, projetos para mulheres em busca de geração de renda e o Dia do Hip Hop. Vivemos um tempo de ocupação e de novas conquistas: os espaços da cidade estão sendo ocupados, as minorias estão ocupando novos espaços, o cidadão comum está ocupando espaços que antes não eram permitidos. A palavra "Ocupação" assume novos significados.
Os imigrantes que passaram pela Ocupação e agora vivem em outro lugar contam um pouco de suas histórias. Residentes refugiados palestinos e residentes brasileiros veem a ocupação de maneiras diferentes. Brasileiros lutam por uma casa permanente. Refugiados palestinos consideram o prédio um lugar de passagem, um lugar para ficar por um tempo enquanto retoma suas vidas.