Eu demorei para entrar no consultório da Renata dizendo, com franqueza e leveza, que eu estava com inveja. Assim como boa parte das pessoas vivas, eu aprendi que entre os sete pecados capitais, tinha um que eu não podia assumir de jeito nenhum, e era esse. Até porque assumir que a gente tem inveja, é como perder a identidade: você deixa de ser filho, irmão, sobrinho. Deixa te der uma cor preferida, uma profissão, um rg, um signo, uma porção de complexidades e de subjetividades para se tornar uma coisa só: invejoso. E aí, como toda coisa que a gente teme - e joga no fundo do armário - a gente vai transformando a inveja num monstro de oito cabeças, sete pernas e vinte flechas capaz de destruir tudo, quando, na verdade, é um sentimento como qualquer outro e que, embora desconfortável, pode revelar um monte de coisa sobre a gente mesmo. .Texto: @natyops edição: @valdersouza1 identidade visual: @amandafogaca