Eu não sei o que acontece na Marginal Tietê, eu só sei que quando o trânsito parou, a minha cabeça parou junto. Eu estava de novo abrindo o microfone, pedindo a palavra e falando uma coisa que, minutos depois, eu ia me arrepender. E ia, não pelo que eu tinha dito, mas pela sensação de inadequação gigante que ia tomar o meu peito no instante seguinte. A verdade é que eu tinha calculado mal a profundidade. Eu achei que o chão estava muito mais para baixo do que ele realmente estava. E aí a sensação que veio foi aquela da piada que a gente conta e ninguém ri. Ou daquela declaração de amor que a gente faz e fica no vácuo. Ou ainda daquela coisa profunda que a gente sente, capta compartilha, mas ninguém entende. A sensação foi a de ter dito uma coisa na certeza de que aquilo ia encontrar conexão, mas o que rolou foi só um eco. E deu vontade de apagar, editar, recortar e apagar aquele momento. Mas não deu. E foi só porque não deu que eu consegui traçar um caminho libertador em meio a minha c