Cassandra despede-se da sua carreira de atriz e de seu país, fazendo uma viagem ao passado. Nesta despedida atravessa a memória de um passado de guerra, ditadura, censura, perda e morte. Relembra o seu pai, guerreiro que lutou por um país que já não é o seu. O passado de Cassandra confunde-se com o passado do país, entre o teatro e a política, a memória da justiça. E a única forma que Cassandra prevê de transformar a realidade é através da vingança da sua morte numa luta pela liberdade e por uma possibilidade de futuro.
Uma mulher de 40 anos e - confrontada com a alteração brusca da sua condição social - perde o emprego e a casa - e, regressada a um momento de crise e de decisão, debate-se entre realidades possíveis. O passado, o presente e o futuro encontram-se na ideia de Maternidade e Cassandra procura um caminho que a devolva a si mesma.
Cassandra atravessa a cidade à noite, sozinha. No trajeto de volta para casa, recebe notícias devastadoras. O médico revela que ela tem apenas alguns meses de vida. Cassandra carrega consigo não apenas uma cidade, uma família, mas também um segredo. Nesta atmosfera onírica, testemunhamos os seus momentos finais antes de desaparecer.
Como retaliação, uma trabalhadora-estudante é posta numa secretária vazia virada para uma parede. Nessa parede há uma mancha que lhe serve de foco. Nessa mancha ela reconfigura, visualiza, uma peça de teatro que terá visto recentemente. Recria as cenas entre um casal que está a viver os últimos minutos num apartamento (um palco), que irá deixar. A trabalhadora- estudante põe por carta a sua realidade, que cruza com a ficção teatral, e endereça-a ao dramaturgo-encenador, autor do espetáculo que presenciou. O autor recebe a carta e compara-a com uma notícia saída num jornal sobre o assédio laboral de uma trabalhadora-estudante. Uma atriz e um ator são os protagonistas que se desdobram em seis personagens, numa narrativa construída em mise-en-abîme de espaços, tempos e personagens, que balança entre o teatro e a realidade.
A ativista e líder da organização secreta A Voz de Cassandra refugia-se em casa da mãe com quem tem uma relação escassa. Enquanto prepara o discurso que abalara? a Humanidade, ela vai aproximando-se das suas dores de crescimento e traçando o mapa das palavras que, nascidas no seu intimo, dirão a todos por igual. A identidade terá? de ser aceite para que possa ser esquecida.
Nas epopeias homéricas, Cassandra é a personagem trágica por excelência: figura amaldiçoada com o dom da profecia, porém desacreditada. Nesta narrativa, Cassandra serve-se dos ecrãs e da era digital, como meio para uma reflexão sobre a atualidade das relações de intimidade, afeto e prazer entre os seres humanos.
Cassandra, profetisa estrangeira, anuncia com uma calma absoluta e um fervor apocalíptico quatro Lições para a Sobrevivência. Relembrando o passado e a repetição da destruição, discorre num discurso niilista irredutível a violência de um país e das suas políticas alienadoras e destruidoras do ser humano, onde se nega a comunidade, a conciliação, a moderação e a instituição, e se anuncia como única saída, numa declaração de amor, a morte como país.